Congresso da CNM-CUT: Metalúrgicas querem mais voz ativa
Os sindicatos e confederações que não conseguirem atingir suas cotas de participação feminina em qualquer evento estarão impedidos de preencher a vaga por representantes do sexo masculino. Esta foi uma das principais resoluções da 1ª Conferência Nacional das Metalúrgicas da CUT, realizada durante o 7º Congresso da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), que acontece em Guarulhos. A proposta será votada pelo plenário hoje, no encerramento do encontro.
“Os homens estão ocupando vagas que seriam destinadas às mulheres”, justificou a secretária de mulheres da CNM-CUT, Emília Valente. “Nosso objetivo é fazer com que os sindicatos envolvam as mulheres em suas atividades, sindicalizem as trabalhadoras e promovam cursos de formação sindical para elas”, prosseguiu. “Os homens não vão perder vagas, mas vão deixar de ganhar espaços que não são deles”, explicou a dirigente.
As cerca de 100 mulheres de 96 sindicatos de metalúrgicos de todo o Brasil, que se reuniram nas últimas segunda e terça-feiras no Congresso, querem tornar essa resolução uma decisão para toda a categoria. Durante seus debates, elas refletiram também sobre questões de gênero na sociedade e nas relações de trabalho.
Emília considera a conferência o primeiro encontro em que as mulheres metalúrgicas puderam discutir seus problemas, falar e votar. “Antes elas entravam mudas e saiam caladas”, afirmou. “Durante dois dias, nós pudemos discutir e expor as dificuldades de participação na categoria”, afirmou.
Ela destacou que as metalúrgicas voltarão para casa e para os seus sindicatos mais dispostas, sabendo que não estão sozinhas e com energia para mobilizar novas companheiras. “Quando os homens não puderem substituir as vagas das mulheres, vão se preocupar mais com o problema”, prosseguiu a secretária. “Nós acreditamos que as mulheres não participam mais nas direções dos sindicatos e nos debates políticos porque não têm oportunidade”, finalizou Emília.