Conquista do voto feminino completa 93 anos

Diretora do Sindicato destaca necessidade de aumentar representatividade feminina na política. Nas últimas eleições, apenas 18% dos eleitos eram mulheres

Foto: Adonis Guerra

A conquista do voto feminino no Brasil aconteceu em 24 de fevereiro de 1932. O direito foi incorporado à Constituição de 1934, mas era facultativo. A permissão para votar era apenas para mulheres casadas, desde que autorizadas pelos maridos, bem como para solteiras que tivessem renda própria. Em 1965, o voto tornou-se obrigatório e equiparado ao dos homens. Apesar dos avanços nas lutas feministas, o país enfrenta um dos piores índices mundiais de representação política feminina.

Hoje, as mulheres representam mais da metade do eleitorado brasileiro, mas ainda ocupam menos de 20% dos cargos eletivos no país. Nas últimas eleições, apenas 18% dos políticos eleitos eram mulheres. O Brasil ocupa a 133º posição num ranking de 185 países elaborado pela Inter-Parliamentary Union, em relação à participação feminina no Congresso.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o número de eleitas cresceu, mas de forma modesta: 7% para prefeitas, 15% para vice-prefeitas e 12% para vereadoras. Além disso, a diversidade também apresentou avanços, com 11% mais pessoas autodeclaradas pretas e 31% mais indígenas eleitas.

Conforme apontado pelo ONMP (Observatório Nacional da Mulher na Política), desde 1994, o aumento da participação feminina no Congresso Nacional resultou em maior quantidade de leis voltadas às mulheres.

A diretora executiva do Sindicato, coordenadora das Comissões de Cidadania, Andréa de Sousa, a Nega, celebra a data, porém pontua a necessidade de aumentar a representatividade feminina na política e nas mais variadas esferas de poder.

“Esta é uma data muito importante para nós mulheres, marca a possibilidade de escolhermos nossos representantes, pessoas que irão legislar para o bem comum da população, sendo que a maior parte dessa população é composta por nós mulheres. Mas para além disso, algo muito importante é também poder ser votada”.

“Completamos 93 anos, porém ainda muito aquém de termos uma representatividade na política como deveríamos. Já que somos 51% da população, teríamos que ter uma proporção, se não equiparada, mas bem acima do que temos hoje. Só ocupando esses espaços políticos poderemos inserir, de fato, nossas pautas na ordem do dia. Com certeza, se estivéssemos em maior número nos espaços de poder da política, teríamos um olhar mais fraterno e atencioso para as questões sociais, como a violência doméstica, por exemplo”, concluiu.