Consciência Negra: Entidades voltam a cobrar reconhecimento

Representantes de entidades
do movimento negro
realizaram ontem manifestação
nas ruas centrais de São
Bernardo, a partir da praça
da Matriz, defendendo que
o dia 20 de novembro seja
feriado na cidade.

“O feriado é o reconhecimento
à contribuição do
negro na construção da sociedade
brasileira, no sentido
de combater o racismo e a
desigualdade racial”, disse
Ana Nice, da Comissão de
Combate ao Racismo do
Sindicato.

Em São Paulo, milhares
de pessoas saíram pela
Avenida Paulista cobrando
a imediata aprovação do Estatuto
da Igualdade Racial, que há nove anos tramita no
Congresso.

O Estatuto cria cotas
nas universidades e no mercado
de trabalho, legaliza as terras dos quilombos e cria o
feriado no dia 20 de novembro,
entre outras decisões.

“Se Tiradentes é feriado
nacional, o dia da morte de
Zumbi também deveria ser,
pois os dois são heróis da
Pátria”, disse Dojival Vieira
dos Santos, da entidade
ABC Sem Racismo.

São Bernardo é líder em discriminação

A cidade de São Bernardo
é a primeira na região,
e terceira no Estado,
com o maior índice de negros
que vivem abaixo da
linha da miséria.

Nela vivem 194 mil
negros e, destes, pouco
mais de 21 mil são indigentes,
aqueles que não ganham
R$ 2,00 diários. Entre a população
negra, os indigentes
representam 2,2%.

Esse percentual, em
Mauá, é 1,6%, em Santo
André é 1,5% e em Diadema
é 1,4%. Em Ribeirão
Pires é 0,3%; Rio Grande da
Serra, 0,2%; e São Caetano,
0,04%.

Comparação – São Bernardo só perde
no Estado para a Capital
(30,4%) e Guarulhos, com
4,6%.

A empregabilidade é
outro indicador da discriminação.
Aqui na região,
66% dos negros estão em
trabalho informal, enquanto
entre os brancos são 33%.