Constituição de 88 garante direitos dos trabalhadores
O deputado Ulysses Guimarães (ao centro) presidiu a Assembleia Constituinte que formulou a Carta Magna
Conhecida como Constituição Cidadã, no próximo sábado, dia 5, a Constituição Federal completa 25 anos. Elaborada sob intensa participação popular, a Carta restabeleceu direitos retirados da população pela ditadura, além de garantir várias outras conquistas. Daí veio o nome pelo qual é conhecida.
Os metalúrgicos do ABC tiveram participação fundamental neste processo. As greves que a categoria iniciou em 1978 provocaram alguns dos mais importantes enfrentamentos contra o regime militar.
A vitória dos trabalhadores nesses embates permitiu a volta da democracia no País e depois influenciou diretamente a Constituição de 1988.
Para o coordenador do Departamento Jurídico do Sindicato e diretor da Faculdade de Direito de São Bernardo, Marcelo Mauad, a maior conquista dos trabalhadores na Assembleia Constituinte que elaborou a nova Carta foi incluir nela os direitos da classe.
“A consagração destes direitos na Constituição Federal impediu que durante períodos de crise, como ocorreu na era FHC, as conquistas dos trabalhadores fossem retiradas apesar dos mais de 20% de desemprego registrados no Brasil”, afirmou.
Pontual
Na opinião de Mauad, os trabalhadores também tiveram importantes conquistas pontuais, como a redução de jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas semanais e a redução de 8 para 6 horas diárias para quem faz revezamento em turnos ininterruptos.
O coordenador garantiu que mesmo redigida por uma Assembleia Constituinte conservadora, a Constituição trouxe vários avanços para a sociedade.
“Negar isso é negar a própria história. Foi um processo riquíssimo”, destacou.
Confira algumas das principais conquistas
Até a Constituição Federal de 88, o direito de greve era estabelecido pela Lei 4.330 de 1964, que na prática inviabilizava o trabalhador de interromper a produção por conta de uma série de normas impossíveis de cumprir.
Dez anos antes da Carta, os Metalúrgicos do ABC desafiaram a chama Lei de Greve e realizaram paralisações em diversas empresas da base.
A luta provocou a prisão de diretores sindicais e trabalhadores pelo regime militar, mas foi encampada por diversas categorias e repercutiu na revogação da Lei 4.330, na nova Constituição.
“É uma coincidência trágica que hoje tenhamos um Projeto de Lei com o mesmo número, 4.330, que pretende precarizar as condições de trabalho”, disse Mauad.
Substituição processual
Outra conquista importante para os representantes dos trabalhadores é a substituição processual, garantida pela Constituição Cidadã.
“A substituição processual permite que o Sindicato atue judicialmente para atender interesses da categoria que representa”, explicou Mauad.
Da Redação