Consumo nacional turbina setor automotivo do Mercosul
A proximidade do mercado brasileiro colocou o Uruguai na rota de investimentos de montadoras asiáticas e abriu novas perspectivas para as companhias do setor que já estão instaladas na Argentina.
Um movimento que tende a se acentuar com o crescimento da economia local e a implantação de uma política tarifária única para o Mercosul.
Hoje, no setor automotivo vigora um acordo bilateral entre o Brasil e a Argentina, com prazo de duração de seis anos, do qual outros membros do bloco estão excluídos. “Esse acordo vai até 2014.
A partir de então, pretende-se que ele se mantenha permanentemente, estendendo-se para os demais participantes”, disse recentemente Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A ideia é que o alongamento dos prazos possibilite que o empresariado faça um plano de investimentos com maior segurança, já que, na avaliação do secretário, quem investe em um país “não está pensando apenas no mercado doméstico, mas no comércio regional”.
É certamente com o que contam fabricantes asiáticos que vêm se instalando no Uruguai.
A primeira foi a Chery, para montar o utilitário Tiggo. Depois a Kia, que começou em meados de agosto a produzir no país vizinho o pequeno caminhão Bongo K2500. Neste ano, quem resolveu adotar estratégia semelhante foi a Lifan, em parceria com o grupo uruguaio Effa.
Localizada em São José, na região de Montevidéu, planeja exportar 85% de sua produção para o Brasil. De lá sairão cerca de cinco mil unidades por ano, de modelos como o compacto 320 e o sedã 620, inspirado no Corolla, da Toyota.
“Essa é a tendência, como aconteceu com o México e os EUA”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB). “Principalmente se a taxa de câmbio (que torna investir no Brasil mais caro), e a carga tributária se mantiverem”.
Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, concorda. Para ele, é um caminho natural para a maioria das indústrias buscar países limítrofes onde a mão de obra ou os custos de produção em geral sejam mais baixos.
Para a Argentina, que já tem um parque de montadoras antigo e consolidado, a alta da demanda por automóveis no Brasil serve para facilitar a atração de investimentos em produção e reduzir o déficit da balança comercial de autopeças.
Ford e Volkswagen recentemente divulgaram aportes na ampliação da produção em suas unidades argentinas, de olho no mercado da “América do Sul”, hoje puxado basicamente pelo Brasil.
E as exportações de componentes para a montagem de carros deste lado da fronteira cresceram 42,13%, de janeiro a agosto, batendo na casa dos US$ 902 milhões. “As perspectivas extremamente positivas para o Brasil reverberam na América Latina”, diz Furtado, da Trevisan.
Do Brasil Econômico (Ana Paula Machado e Dubes Sônego)