Contra a fome, a solidariedade de todo um país

Em 2013 o Brasil realizou um dos maiores feitos da sua história: deixou o Mapa da Fome. Naquele ano, 3,6% dos brasileiros estavam na condição de insegurança alimentar grave. Apesar da conquista, foi pouco celebrada pela grande mídia brasileira.

Foto: Adonis Guerra

Foi também em 2013 que o país se transformou numa panela de pressão que culminou no impedimento da presidenta Dilma. Com Michel Temer no comando, uma série de medidas foram nos levando de volta ao passado: o fim da valorização do salário mínimo, as reformas trabalhistas e previdenciárias, as políticas de austeridade fiscal etc. E já em 2018 o Brasil retornou ao Mapa da Fome, com mais de 5% da população nessa categoria.

A total incapacidade do governo Bolsonaro aprofunda a crise. Antes mesmo da pandemia de 2020, as taxas de desemprego seguiam altas, a economia estagnada, e as primeiras campanhas de arrecadação de alimentos começavam a se proliferar no país.

Com os sucessivos erros do atual governo na gestão da pandemia, em dezembro de 2020, o Brasil já tinha cerca de 15% da sua população em situação de fome extrema. A insegurança alimentar, incerteza de que se tenha o que comer no próprio dia, já é de 59% da população brasileira. Os dados são do núcleo Food for Justice, da Universidade de Berlim, com parceria de pesquisadores brasileiros.

Na contramão desse grave cenário, o governo federal reduziu o valor e o número de famílias beneficiadas pelo Auxílio Emergencial, as parcelas passando a variar entre R$ 150 e R$ 375, incapaz de comprar meia cesta básica, avaliada em R$ 632,75 pelo Dieese. Isso nos conduz para as emergenciais campanhas de arrecadação de alimentos que se espalham pelo Brasil, a exemplo do Sindicato no último final de semana, com um papel determinante para garantir comida no prato das famílias, enquanto a desastrosa gestão federal persistir.

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