Contra choradeira, mobilização
A choradeira patronal começou antes mesmo de abertas as negociações da campanha salarial. No ato de entrega das pautas na última sexta-feira, os empresários reclamaram de uma crise que não existe como desculpa para recusar nossas reivindicações.
Patrões já revelam tática da choradeira
Com uma grande manifestação diante da Fiesp, na avenida Paulista, a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT), entregou aos patrões, na última sexta-feira, a pauta da campanha salarial de 2005 com quatro eixos básicos: reposição salarial com aumento real; redução da jornada sem redução de salário; fim das horas extras e mais empregos; e renovação e aumento das cláusulas sociais.
No discurso que fez pouco antes de encaminhar as reivindicações, o presidente da FEM, Adi dos Santos Lima, chamou a atenção para uma das táticas que os empresários devem utilizar este ano para complicar as negociações.
“Eles vão reclamar de uma crise que não existe e usar como desculpa para recusar nossos pedidos”, alertou Adi. “Existe uma cultura da lamenta-ção neste País e não podemos ser pegos por ela”, acrescentou.
A pauta deles
O dirigente previu o que iria acontecer. Ao receber a pauta, o coordenador do Grupo 9, Valdemar Andrade, começou a choradeira que os patrões fazem em todas as negociações salariais. “Atravessamos um momento de dificuldades”, começou o empresário, com a maior cara de pau.
“Este é um ano complicado”, continuou, tentando misturar crise política com situação econômica. Para finalizar, enquanto se definia a primeira reunião para a próxima quinta-feira, às 14h, na Fiesp, Andrade entregou uma pauta de reivindicações do G-9.
Fora do prédio, Adi desabafou: “Não existe pauta patronal simplesmente porque eles não têm data-base. Vamos ficar de olho neste documento. Tenho certeza que ele traz alguma reivindicação que terá como contrapartida a tentativa de redução dos direitos dos trabalhadores”.
Adi destacou ainda duas outras desculpas que os empresários podem usar para complicar as negociações deste ano. Insistiu que eles vão tentar transformar a crise política, que existe, em uma crise econômica que não existe. E também que os patrões vão reclamar que os juros estão altos e o dólar está baixo. “Pode até ser verdade, mas não está atrapalhando a vida deles”, concluiu o presidente da FEM-CUT.
Greve, só se for preciso
Presente à entrega da pauta, o presidente nacional da CUT, Luiz Marinho, mandou um recado duro para o pessoal da Fiesp. “Nosso objetivo não é fazer greve. Um bom acordo não precisa, necessariamente, passar por uma greve. Mas para conseguirmos um bom acordo é necessário estarmos preparados e organizados para fazermos uma greve e algo mais se necessário”, disse.
Marinho lembrou que uma greve é determinada pela intransigência ou não dos patrões. “Se eles negociam com seriedade, não reclamam de uma crise econômica que não existe, não vêm com conversa mole sobre juros ou câmbio na mesa de negociações e atendem nossas reivindicações, tudo irá bem. Caso contrário iremos à greve”, explicou.
O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, destacou que para conquistar a pauta da campanha salarial é necessário estar preparado e organizado. “Por isso precisamos voltar às fábricas e preparar a luta para conseguir a vitória, com greve, se necessário”, finalizou.