Cordel: Wagnão – O Guerreiro dos Sonhos
(Foto: Edu Guimarães)
WAGNÃO:
O GUERREIRO DOS SONHOS
Companheiros, eu lhes conto,
O que vi e ouvi dizer,
Do menino que nasceu,
Pra lutar e pra vencer
E que vendeu até sonho
Pra poder sobreviver.
Ele não vendia os sonhos
Que a gente sonha em pé,
Acordado ou dormindo,
Com esperança ou com fé,
Vendia os sonhos que a mãe
Fabricava em Santo André.
Desde os dez anos de idade,
Que ele trabalha bastante,
Já vendeu sorvete, areia,
Crediário, foi feirante,
Não dirigiu caminhão
Mas já foi um ajudante.
E assim, desde menino,
O mais velho dos irmãos,
De alguns, irmão e pai,
Arregaçou suas mãos,
E até ouvir um “SIM”
Já escutou muitos “NÃOS”.
Nascido em sessenta e dois
Na infância tudo inventou,
Irrequieto e ativo,
Até quando estudou,
Mas foi jovem que, na fábrica,
A trabalhar começou.
O menino que brigava
Na CIDADE DOS MENINOS,
Hoje briga pra evitar,
Os tortuosos destinos
Dos irmãos trabalhadores,
Nesses governos ladinos.
Da mãe herdou a ternura
Que se nota em sua face,
Foi do pai que aprendeu
A consciência de classe,
E o ABC ensinou
Como uma luta nasce.
No ano de oitenta e quatro
Na Volks se empregou,
No ano de oitenta e cinco
No sindicato ele entrou
E de lá até aqui
De lutar nunca parou.
No ano de oitenta e sete
Através de eleição,
Ele entrou para a CIPA,
Em oitenta e oito, Wagnão,
Viu a Comissão de Fábrica
E entrou na Comissão.
Quando ele foi demitido,
Para ser reintegrado,
O ano de noventa e um
Assistiu o resultado
Do que é companheirismo
E de um povo organizado.
Seus irmãos e companheiros
Tudo por ele fizeram,
Ele foi reintegrado,
E os patrões nem puderam
Demitir o funcionário
Como eles bem quiseram!
E foi em noventa e oito,
Que Wagnão, por seus valores,
Integrou o COMITÊ
MUNDIAL DE TRABALHADORES,
Lutando contra o domínio
De patrões exploradores.
No ano de noventa e nove
Esse homem lutador,
Com garra e com coragem
E com enorme vigor
Partiu pro CSE
E foi seu COORDENADOR.
Como ele batalhava
Com ardor e com afinco,
Presidiu o DIEESE
No ano dois mil e cinco,
Como quem diz: “ – Nessa vida,
Com o trabalhador não brinco”.
E aquele garotinho,
Que vendeu Sonhos, biscoito,
Desse nosso sindicato,
Wagnão, que é bem afoito,
Se tornou seu Secretário
No ano dois mil e oito.
E agora foi eleito,
Num gesto muito profundo,
Com um grupo que tornou-se,
O primeiro sem segundo,
Presidente do maior
Sindicato que há no mundo.
No sindicato ele já deu
Uma contribuição legal,
Ele vê no sindicato
Um espaço especial,
De mudança de sistema,
De transformação social.
A INDÚSTRIA NACIONAL,
A REFORMA TRABALHISTA,
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
E esse governo golpista,
São pautas da sua luta
E estão na sua lista.
Sem NENHUM DIREITO A MENOS,
Contra a TERCEIRIZAÇÃO,
Pra que o trabalhador
Não sofra “coisificação”,
São lutas e desafios
Que ele terá na gestão.
O seu sonho hoje é
Uma política industrial,
Que não beneficie somente
Uma classe patronal,
Que olhe pro trabalhador
E a indústria Nacional.
Hoje o sonho que ele vende
Pra o menor e pro maior,
Para o rico e para o pobre
E pra quem verte suor,
É o sonho de um mundo
Igualitário e melhor.
Um mundo menos injusto,
Um mundo bem mais igual,
Um mundo de mesa farta,
Em um mundo, afinal,
Onde não exista tanta
Desigualdade social.
O seu sonho se compõe
Até de certa Utopia,
Por isso que Wagnão
Dia e noite, noite e dia,
Luta por um mundo justo
E por mais democracia.
Um mundo não TEMEROSO,
Como esse mundo de AGORA,
Um Brasil de igualdade
Em seu peito e alma mora,
Pra esse mundo acontecer
TEMER TEM QUE IR EMBORA.
Em seu sonho também está
Qualquer ação solidária,
Sem desemprego constante
Para a classe operária,
Que todo trabalhador
Tenha sua comida diária.
Seu sonho não é só seu,
É também dos companheiros,
Que irão lhe ajudar,
É de todos os parceiros
Que querem sempre o melhor
Pra todos os brasileiros.
Eis que o vendedor de sonhos,
Sonha, mas sonha acordado,
É guerreiro que não tomba,
Ante um governo usurpado,
Por isso que Wagnão
Dia e noite tem lutado.
Meu amigo, BOA SORTE!
Que sua nova empreitada,
Seja em prol desse povo,
Dessa nação ultrajada,
Pois sem o trabalhador
A pátria não vale nada.
Daqui lhe mando um abraço,
Do tamanho do Anhangabaú,
E vai também o carinho,
Qual flor de mandacaru,
Um alegria completa
Do seu primo e poeta
Do vale do Pajeú.
Genildo Santana