Corte do IPI impulsiona vendas de caminhões-cegonha
No Grande ABC, concessionárias conseguiram atenuar as perdas de comercialização em relação a 2008 e alcançar índices dos primeiros seis meses de 2007
A medida de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), determinada pelo governo federal desde janeiro, promoveu recuperação não somente da indústria automobilística, mas também da venda de cegonheiras – caminhões utilizados como meio de transporte de automóveis -, o que segurou o mercado de caminhões durante o primeiro semestre.
No Grande ABC, concessionárias da Volvo, Scania, Ford e Volkswagen conseguiram atenuar as perdas do volume de comercialização em relação a 2008 mas, graças aos benefícios do IPI, conseguiram emplacar as cegonhas e alcançar índices dos primeiros seis meses de 2007, período em que a economia nacional já seguia aquecida.
A Vocal, revendedora da Volvo localizada na divisa de São Paulo com São Bernardo, vendeu até este mês 210 unidades, entre cegonheiras e frotas. O resultado supera em 38% o obtido em 2007, quando foram vendidas 152. No ano passado, houve a comercialização de 231 caminhões.
“Obtivemos um desempenho que superou as nossas expectativas”, afirmou Cláudio Zattar, diretor superintendente da Vocal. Para ele, outro fator que ajudou foi o lançamento de um novo modelo de pesados, o FH, por conta de diversos itens de segurança, que a longo prazo asseguram redução nos gastos, como manutenção e combustível. Cada um custa entre R$ 400 mil e R$ 450 mil.
Retomada – A Apta, concessionária da Volkswagen de São Bernardo, registrou desempenho semelhante ao da Vocal. Neste semestre foram vendidos 680 caminhões, enquanto que no mesmo período de 2007, foram 630 – elevação de 8%. Em 2008, na época, já haviam sido contabilizados mais de 800 carros.
“Até a metade de maio eu pensei que fosse o pior mês do ano, mas de repente as vendas dispararam e o desempenho foi semelhante ao ano passado”, contou Antonio Pascual Parames, gerente comercial da revendedora.
Até março, o resultado estava 30% inferior ao acumulado de 2008. “Hoje, estamos apenas 17,6% atrás. O benefício do IPI certamente ajudou bastante, pois muitas cegonheiras usadas estavam à venda por conta da baixa demanda, mas, com a volta de pedidos, nós também vendemos mais”, citou Parames.
Cegonhas – A Codema, revendedora da Scania com duas unidades na região, uma em Santo André e outra em São Bernardo, comercializou 70 caminhões até o momento. Em 2007, o número estava na casa dos 60 veículos e, em 2008, 65.
“O problema foi que no primeiro semestre do ano passado faltaram caminhões para entregarmos. Fomos afetados pela falta de produtos, e não pela falta de pedidos”, ressaltou Maurício Miranda, gerente regional de vendas. “Nosso boom se deu no segundo semestre, quando já tínhamos a pronta-entrega”.
Segundo Miranda, 90% das vendas no Grande ABC são de cenhonheiras.
Impacto – A Souza Ramos, concessionária da Ford de Santo André, começou a sentir os reflexos da crise internacional em dezembro, quando os grandes frotistas pararam de comprar. “Até então, tínhamos ainda pedidos em carteira, contratos em andamento e obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, contou Rodolfo Mansberger, gerente geral.
Para Mansberger, o mercado vem se reaquecendo, mas desde fevereiro a maior parte das vendas se deu no varejo, para clientes que compram um caminhão. Um autônomo, por exemplo.
O executivo não revela os números, mas afirma que ainda estão abaixo dos índices de 2007. “Nosso volume está 30% inferior a 2008. Para alcançarmos 2007 faltaram 10%”, disse.
“Enquanto os bancos estiverem restringindo crédito as vendas não vão decolar”, ponderou Rodolfo.
Do Diário do Grande ABC