Cortes do governo também atingirão educação básica
Professores da rede municipal estarão nas ruas no dia 30, pela educação e contra a reforma da Previdência
O governo Bolsonaro declara que a prioridade de investimentos será na educação básica, mas os cortes para a área superam os das universidades. Ao menos R$ 2,4 bilhões que seriam direcionados a programas da Educação Infantil ao Ensino Médio foram bloqueados pelo Ministério da Educação. O levantamento é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes). O corte das universidades federais é de aproximadamente R$ 2,2 bilhões.
Há bloqueio nos valores previstos para construção ou obra, compra de mobiliário e equipamentos, capacitação de servidores, educação de jovens e adultos e ensino em período integral. Houve ainda cortes na merenda e transporte escolar.
Preocupados com os efeitos devastadores das medidas, os professores da rede municipal do ABC, que participaram do Dia Nacional pela Educação no último dia 15, estão mobilizados para o ato do próximo dia 30 e para a Greve Geral contra a reforma da Previdência, em 14 de junho.
“Estamos vendo isso de forma muito preocupante porque o discurso do governo não está em consonância com a política proposta pelo Ministério da Educação. Se por um lado ele fala que vai valorizar a educação básica, por outro, propõe um corte do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que vai afetar profundamente todas as prefeituras do Brasil”, destacou a professora e diretora do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de Santo André, Daisy Dias Cunha.
A professora da educação básica e vice-presidente do Sindema, em Diadema, Mara Neide Ferreira, lembrou que o governo Lula criou uma plataforma de formação para professores em parceria com as universidades públicas e que os cortes nas universidades impactarão diretamente na formação dos docentes.
“Esse programa está totalmente ameaçado. Tivemos acesso à pós-graduação em gestão pública, em gestão na educação, em educação inclusiva, em parceria com as universidades públicas do Brasil todo. Estamos vivendo uma situação de calamidade em Diadema, se o corte no Fundeb acontecer, vamos voltar a uma situação do século passado”, contou.
Na cidade vizinha a situação não é diferente, afirma o professor da educação básica e diretor do Sindserv de São Bernardo, Dinailton Souza Cerqueira. “Em São Bernardo a situação está bem complicada, já começamos a sentir os efeitos da emenda da morte que congela os gastos públicos por 20 anos”.
O professor destacou que o Fundeb acaba em 2020. “ Um novo plano teria que estar sendo pensado, mas não existe, até agora, nenhum programa que sinalize a valorização da educação básica”.
Em São Paulo a concentração do ato em defesa da educação pública de qualidade será no Largo da Batata, a partir das 16h.