Covid, Burnout e depressão passam a fazer parte de lista de doenças do trabalho
Entre as 165 novas patologias estão ainda ansiedade e abuso drogas. Atualização da lista é fruto da luta do movimento sindical
Após mais de 24 anos, a LDRT (Lista de Doenças relacionadas ao Trabalho) foi atualizada no último dia 29 pelo Ministério da Saúde. A atualização, publicada no Diário Oficial da União, é resultado de luta permanente da CUT, instituições e movimentos que atuam em defesa da saúde do trabalhador.
Passam a fazer parte 165 novas patologias, incluindo a Covid-19, alguns tipos de cânceres, distúrbios músculo-esqueléticos, como inflamações em tendões, ossos e articulações, e doenças como a Síndrome do Burnout, ansiedade, o abuso de drogas e tentativas de suicídio. No total, agora são 347 doenças. Antes eram 182.
A atualização parte do princípio de que tanto as patologias que se configuram como adoecimento mental quanto o uso de drogas podem ser consequência de jornadas exaustivas e assédio moral, da mesma forma como o abuso de álcool que já constava na lista.
O diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável pelo departamento de saúde, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, reforçou a importância da nova lista e salientou que é necessário que haja responsabilidade por parte das empresas.
“É preciso que as empresas façam investimentos, não só para melhorar a produção, mas também as condições ergonômicas, levando em consideração as questões humanas para que o processo focado no lucro não prejudique a saúde mental dos trabalhadores. Não é aceitável que o ambiente de trabalho leve ao adoecimento, à depressão, por isso é necessário combater o assédio e a pressão abusiva. Além do lucro, é importante visar também a saúde mental de cada trabalhador e trabalhadora”.
Ambientes mais seguros e saudáveis
Com as alterações, o poder público deverá planejar medidas de assistência e vigilância para evitar essas doenças em locais de trabalho, possibilitando ambientes laborais mais seguros e saudáveis.
Do outro lado, os trabalhadores poderão ter garantidos os direitos a assistência, tratamento e afastamento do trabalho em decorrência dessas patologias quando comprovado o nexo causal. Ou seja, as alterações também dão respaldo para a fiscalização dos auditores fiscais do trabalho, favorecendo o acesso a benefícios previdenciários, e dá mais proteção ao trabalhador diagnosticado pelas doenças elencadas.
Resultado de esforços coletivos
O anúncio da publicação atualizada aconteceu no último dia 28 durante o 11º Encontro da Rede Nacional de Saúde de Atenção à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Renast).
Participaram a secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Josivânia Ribeiro Cruz Souza, e a representante da CUT no Conselho Nacional de Saúde, Madalena Margarida Silva.
“Essa publicação é uma conquista de toda classe trabalhadora e é resultado de nossos esforços coletivos, das entidades sindicais, da academia e centros de atenção, pesquisas e ensino que são comprometidos com a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. O próximo passo é se apropriar da lista e cobrar sua utilização”, afirmou Josivânia.
Com informação da CUT.