CPI da Covid: auditor do TCU diz que ‘estudo paralelo’ foi alterado após chegar a Bolsonaro
O auditor do TCU (Tribunal de Contas da União), Alexandre Figueiredo Marques, afirmou durante depoimento na CPI da Covid, ontem, que o “estudo paralelo” apontando supernotificação no número de mortes pela Covid-19, elaborado por ele, foi alterado após ser encaminhado a Bolsonaro.
O depoente disse que em nenhum momento apresentou um estudo que concluía a superestimação dos dados de mortes pelo vírus. O objetivo do documento, porém, era abrir um “debate preliminar” para provocar a discussão dentro do órgão.
Em seu relato, Alexandre Marques confirmou que enviou o documento em formato “Word” e aberto para edição ao seu pai, o coronel da reserva Ricardo Silva Marques. Entretanto, sem seu conhecimento, o arquivo foi transmitido a Bolsonaro e consequentemente editado.
“A falsificação foi constatada após chegar ao presidente. Eu recebi uma versão já em ‘PDF’ (sem a possibilidade de edição) desse arquivo, com o TCU mencionado no cabeçalho. Meu pai recebeu o arquivo em ‘Word’ e mandou para o presidente. Foi usado indevidamente”, afirmou.
Estudo paralelo
Em junho deste ano Bolsonaro disse que teve acesso a um relatório oficial do TCU que concluía que a maior parte das mortes apontadas como decorrência da pandemia seriam na verdade em virtude de outras doenças.
De acordo com o auditor do TCU, as informações foram extraídas do portal de transparência do registro civil. A partir disso, fez um documento preliminar de apenas duas páginas. No depoimento, reiterou que Bolsonaro foi irresponsável ao divulgar um estudo falso.
Relação próxima
Alexandre Marques é filho do coronel da reserva Ricardo Silva Marques, que foi colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar dos Agulhas Negras. Em seu depoimento, confirmou que o pai segue com uma relação próxima ao presidente.
Acareação cancelada
A acareação, marcada para hoje, entre o atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) foi cancelada. Os senadores julgaram que a acareação não acrescentaria fatos novos para a investigação.
Para amanhã está previsto o depoimento do empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. A ida de Maximiano à CPI já foi adiada mais de uma vez. Ele conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus para não responder perguntas que possam incriminá-lo.
Com informações da Rede Brasil Atual