CPI: Militar tenta constranger Genoino

O depoimento do ex-presidente do PT, José Genoino, ontem, na CPI do Mensalão, foi marcado por um momento de grande constrangimento.

Em busca de holofotes, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), representante da ultra-direita militar, entrou na sessão com o coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel, que prendeu e torturou Genoino na época da ditadura militar.

O presidente da CPI, Amir Lando, pediu a Bolsonaro que se retirasse junto com o coronel mas não foi atendido. A recusa causou protestos dos parlamentares, que exigiram a saída imediata do militar. Bolsonaro e Maciel acabaram deixando a sala depois de causarem uma pequena confusão. “A presença do coronel era uma forma de humilhação”, disse Lando.

Genoino ficou de cabeça baixa durante todo o episódio, enquanto parlamentares reclamavam contra a atitude de Bolsonaro.

Precedente

Arrogante, Bolsonaro já havia provocado constrangimento na Câmara quando convocou uma sessão solene em homenagem aos militares que massacraram a Guerrilha do Araguaia.

Ele levou como principal convidado o mesmo coronel Lício, que foi saudado por Bolsonaro como “herói do Araguaia”.

O militar ocupou a tribuna por uma hora e fez um relato frio sobre o assassinato dos guerrilheiros, mostrando orgulho da operação.

O coronel chegou a chorar ao falar de outros militares que participaram e estiveram com ele na repressão à guerrilha.

Lício foi o responsável pela prisão de José Genoino em 12 de abril de 1972.