Crédito desacelera com restrições do BC
Cai a abertura de novos financiamentos e juro médio aumenta
As medidas baixadas pelo Banco Central em novembro, na tentativa de restringir os planos de financiamento de automóveis mais longos e sem entrada, foram claramente sentidas em dezembro no comércio de carros novos e usados. É o que comprovam os dados sobre a evolução do crédito divulgados pelo próprio BC na quarta-feira, 26.
A exigência de mais garantias e depósitos compulsórios maiores para as financeiras que fazem planos de 24 a 36 meses com entrada menor que 20% do valor do veículo, 30% para até 48 meses e 40% para prazos superiores, tornou esses financiamentos mais caros e, por consequência, começou a reduzir o volume de concessões de crédito nas lojas de carros.
O primeiro efeito das medidas do BC pode ser percebido no juro médio para financiamento de veículos. Em novembro, a taxa mensal média caiu ao menor nível da história, para 1,72% ao mês, mas em novembro o porcentual voltou a subir e chegou a 1,89% – o mesmo patamar no qual se encontrava no início de 2010.
Outro efeito foi no volume de concessões: foram fechados R$ 11,2 bilhões em novos contratos de financiamento de veículos novos e usados em novembro de 2010, contra R$ 11,1 bilhões em dezembro. Apesar do total ser quase o mesmo, em termos relativos houve queda significativa, pois em dezembro esse valor deveria ter subido muito mais se tivesse acompanhado o recorde histórico de vendas de carros no País.
A comparação fica mais clara, e ressalta a queda nas concessões de crédito, quando é feita a média de valor do financiamento por veículo. Os 311 mil emplacamentos de automóveis e comerciais leves em novembro resultam na média de R$ 36 mil financiados por carro vendido, enquanto em dezembro esse valor cai para R$ 31 mil ante as 361 mil unidades comercializadas.
Ano recorde
Apesar das restrições implementadas no fim do ano, para evitar bolhas de consumo e problemas de inadimplência mais adiante, o volume de concessões de crédito para compra de veículos por pessoas físicas foi recorde absoluto em 2010, comprovando que o financiamento fácil e barato é o principal motor do mercado automotivo no País. O estoque total de contratos ativos cresceu nada menos que R$ 44,6 bilhões líquidos em doze meses, saindo de R$ 95,6 bilhões em janeiro e saltando para R$ 140,3 bilhões em dezembro passado.
A melhor notícia é que a inadimplência desses financiamentos, em termos relativos, continua baixa em comparação com outras modalidades de crédito. Os atrasos de mais de 90 dias somavam R$ 3,6 bilhões em dezembro, ou 2,5% do estoque total dos contratos ativos de financiamento de veículos por pessoas físicas.
Da Automotive Business