Crédito, produção e emprego

Protesto dos trabalhadores em agência do Banco Real na avenida Paulista condenou posição dos bancos, que podem paralisar a economia por causa da restrição ao crédito. Especulação em prejuízo à produção e ao emprego também deram o tom das críticas.


Marcelão (Volks) é o banqueiro que não libera o dinheiro, enquanto Valtinho (Karmann Ghia) é o crédito preso que paralisa a economia

Bancos brecam desenvolvimento do Brasil

Ao segurar o crédito para a produção e para as vendas, os banqueiros promovem a paralisia
da economia do Brasil.
A denúncia foi feita por Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, ontem, em ato em defesa do crédito.
O dirigente lembrou que depois das recessões que marcaram os anos 80 e 90, o Brasil voltou a registrar um ritmo contínuo de crescimento nos últimos cinco anos, agora ameaçado pela mesquinhez dos bancos. “Não é verdade que a crise de agiotagem pode trazer a recessão de volta, porque as pessoas estão dispostas a continuar comprando. Mas, os bancos parecem querer nos levar de volta ao caminho da recessão, ao segurar o dinheiro do crédito para o consumo e para a produção”, criticou Sérgio.


Luiz Cláudio (bancários), Artur (CUT), Biro-Biro (FEM) e Sérgio Nobre mostra manifesto que queriam entregar ao presidente da Febraban

Segundo ele, os trabalhadores estavam na rua para defender a continuidade do crescimento econômico e a sociedade está disposta a fazer o mesmo, exceto o sistema financeiro privado, que prefere o lucro fácil da especulação.
Sérgio advertiu ainda que os trabalhador es devem ficar atentos ao movimento dos bancos que ameaçam aumentar as taxas de juros para os empréstimos com desconto
em folha (consignado) ou retornar com a cobrança das tarifas. “Se fizerem isso, nós vamos começar a parar as fábricas”, avisou

Encenação ironiza especulação financeira

Peça marcante e alegre no ato de ontem foi a encenação que caricaturou a atividade financeira. Atores faziam o papel de vários agentes econômicos (produtores, consumidores, banqueiros, prestadores de serviços etc.) para mostrar como o mundo se submeteu
a lógica da especulação financeira.


Nos cartazes, a denúncia contra o papel mesquinho dos bancos diante da crise de agiotagem

Em outra cena, ator dentro de uma cadeia simbolizava o crédito preso por um banqueiro que o impedia de se libertar.
Junto a isso, a CUT distribuía um manifesto à população que condena o papel dos bancos diante da crise.

Ato no coração do sistema financeiro

Toda essa alegoria e a ocupação da entrada da agência do Banco Real na avenida Paulista, centro do coração do sistema financeiro
nacional, davam um recado à Nação. Frases como Solta a grana, banqueiro!, que estampava um dos cartazes na mãos dos manifestantes, ou Banqueiro, deixa o Brasil crescer, como estava na camiseta de todos, carregavam um forte simbolismo


Trabalhadores ocupam a entrada da agência e exigem crédito

Banqueiro não recebe trabalhador

No alto da torre da agência do Real fica o escritório do presidente da Federação Brasileira dos Bancos, Fábio Barbosa, também presidente do banco.
A intenção dos Sindicatos era lhe entregar um manifesto que pedia a liberação e facilidade do crédito à produção e ao consumo. O executivo simplesmente ignorou.
Mesmo com a agência parada, não fez um único gesto para receber a CUT e os sindicatos que lá estavam representados.
“A atividade não pára aqui e vamos promover novos atos pelo Brasil”, garantiu Artur Henrique, presidente da CUT.