Crédito solidário terá R$ 12 milhões

Volume de recursos beneficiará empreendimentos do ABCD neste ano; Diadema cria novos negócios

Levantamento feito com o Banco do Povo – Crédito Solidário – e com a Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários), aponta que os empréstimos de créditos solidários para cooperativas e associações da Região devem movimentar aproximadamente R$12 milhões, até o fim do ano.

Só o Banco do Povo emprestou cerca de R$2 milhões no primeiro semestre. A expectativa é de que R$ 5 milhões sejam concedidos em empréstimos para pequenos empreendedores do ABCD em 2010. De acordo com o gerente executivo da instituição, Almir da Costa Pereira, a economia da Região está vivendo um bom momento e os novos negócios surgem em todas as cidades.

“Nossos estudos apontam um boom de novos empreendimentos solidários em Diadema. O segmento com maior destaque é o de artesanato”, revelou. “Em Santo André, houve uma queda brusca na criação de novos negócios solidários. O principal motivo para isso é a falta de incentivos da atual administração”, destacou.

Já a Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários), através da Unisol Finanças, movimenta R$ 600 mil por mês em empréstimos solidários. A expectativa é de que a instituição movimente R$ 7 milhões em 2010. De acordo com o presidente da Unisol Brasil, Arildo Mota Lopes, as empresas do setor metalmecânico, forjaria, fundição, reciclagem e artesanato são as que mais buscam novos investimentos através do crédito solidário.

“A economia do País passa por um bom momento e isso propicia o surgimento e o crescimento de novas empresas no ABCD”, indica. Lopes destaca ainda que os empreendimentos solidários enfrentam dificuldades nos bancos tradicionais e nas redes financeiras para conseguir empréstimos. “Existe dinheiro disponível, mas o acesso ao crédito é prejudicado pelas exigências feitas, como a comprovação de viabilidade do negócio e emissão de certidões. É preciso desburocratizar o acesso ao crédito para as cooperativas e micro e pequenas empresas que praticam a autogestão”, ressaltou.

Para a presidente da Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos de Diadema, Alda Aparecida Romeiro, os juros dos bancos e das redes financeiras são muito altos. A saída é recorrer ao sistema alternativo. “Os empreendimentos de nossos associados estão crescendo graças à oportunidade de conseguir empréstimos solidários”, pontuou.

Oportunidade – Alda também é empreendedora e atua nos segmentos de artesanato e alimentação. Há nove anos, teve de se afastar do emprego por problemas de saúde e foi aconselhada a fazer terapia confeccionando artesanato para melhorar a saúde. Foi aí que ela se identificou com a oportunidade e decidiu abandonar a carteira assinada para se tornar sua própria chefe.

O primeiro passo dado pela empreendedora foi pedir um empréstimo de R$1 mil no Banco do Povo – Crédito Solidário para comprar equipamentos e matéria-prima e, aos poucos, estruturar o negócio. Após quitar o débito, Alda voltou a recorrer ao crédito solidário e passou a investir no setor de alimentação. De lá para cá, o empreendimento segue em expansão. “No começo não foi fácil, mas, aos poucos, vi que o mercado estava aberto e que havia a possibilidade de crescer. Hoje, minha filha e minha mãe trabalham comigo e nossa renda ultrapassa os R$ 2 mil”, afirmou.

Na busca pela expansão do pequeno negócio, Alda quer realizar um novo empréstimo no Banco do Povo, desta vez de R$ 3 mil. “Eles oferecem uma parcela compatível com o meu orçamento e, com isso, posso investir sem ter medo. Sei que é possível pagar todas as parcelas”, indicou.

Para o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Pascalicchio, o crescimento de empréstimos solidários ocorre devido à estabilidade da economia brasileira, que passa mais segurança aos pequenos empresários. “A tendência é de que o surgimento de empresas aumente cerca de 5%, em 2010, e a oferta de crédito nos bancos solidários é alta. Os pequenos empresários devem aproveitar o bom momento para ampliarem seus negócios”, avaliou.

 

Do ABCD Maior