Crimes são contra a humanidade

O procurador se apoia no conceito de crime contra a humanidade, surgido logo após a 2ª Guerra Mundial, com base no julgamento dos comandantes nazistas. É com esse mesmo conceito que o Chile e a Argentina conseguiram julgar e punir os generais das suas ditaduras. Esse tipo de crime, explica o procurador, é aquele que é cometido quando o aparato de segurança do Estado se volta contra a população ou um segmento dela. “Não nos interessa falar em lei de anistia ou na prescrição dela, pois os crimes contra a humanidade devem ser reprimidos para não se repetirem”, defendeu.
Para o procurador, o Brasil nunca completará sua democracia se não conhecer o que ocorreu nos porões na ditadura. Com base em levantamento de comissões de anistia, ele conta que ao menos 30 mil brasileiros foram presos e sofreram algum tipo de tortura no período militar por causa da opção ou da dissidência política.

Corpo e mente
O debate na Sede do Sindicato reuniu três desses brasileiros. Um deles, o deputado federal José Genoino, disse que a tortura divide o ser humano entre os sofrimentos físicos e o psicológico. “É a banalização da dignidade humana”, descreveu.
O padre Rubens Chasseraux, outro a participar do debate, recordou que foi preso cinco vezes por abrir sua igreja a grupos de resistência, inclusive de sindicalistas. “Lembro com tristeza dessas prisões, mas com alegria por ter participado da luta de resistência ao regime”, comentou. O outro debatedor foi Raphael Martinelli, ex-sindicalista ferroviário, que ficou preso entre 1970 a 1975.