Crise desempregou 7,8 milhões de jovens
Relatório da Organização Internacional do Trabalho aponta para o risco de a crise ter criado uma geração perdida
Entre 2007 e 2009, o desemprego entre os jovens aumentou para 7,8 milhões em todo o mundo, subindo de 11,9% para 13%, de acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado ontem (11). O documento coincide com o lançamento, hoje (12), do Ano Internacional da Juventude da ONU.
O documento mostra que a taxa de desemprego entre os jovens atingiu seu maior nível já registrado e deverá aumentar até o final deste ano. Já em 2008 os jovens representaram 24% dos pobres do mundo de trabalho, diante de 18% do emprego total.
O relatório Tendências Mundiais de Emprego para a Juventude diz que de cerca de 620 milhões de jovens economicamente ativos com idade entre 15 e 24 anos, 81 milhões estavam desempregados no final de 2009.
O estudo acrescenta que essa tendências terá graves consequências para os jovens, já que futuras gerações vão engrossar as fileiras dos desempregados. A OIT alerta para o risco de a crise ter criado uma ´geração perdida´, composta de jovens que abandonaram o mercado de trabalho, sem oportunidades de conseguir um trabalho que garante vida decente.
Segundo as projeções da OIT, a taxa de desemprego global de juventude deverá continuar a aumentar durante este ano para 13,1%, seguida por uma pequena queda para 12,7% no próximo ano.
O relatório indica que nos países desenvolvidos e de algumas economias emergentes, o impacto de crise sobre a juventude é sentida principalmente em termos de aumento do desemprego e os riscos sociais associados com o desânimo e inatividade prolongada.
Nos países de baixa renda, o impacto da crise é mais sentido nas horas mais curtas de trabalho e na redução de salários para os poucos que mantêm empregos assalariados e no aumento do emprego vulnerável em uma economia com um número cada vez maior de empregos informais.
O relatório estima que 152 milhões de pessoas jovens, ou cerca de 285 de todos os trabalhadores jovens do mundo, tinham trabalho mas estavam em situação de extrema pobreza, em famílias que sobreviviam com menos de R$ 2,30 por pessoa por dia, em 2008.
Relatório da OIT se aplica ao Brasil
O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado ontem sobre o jovem no mercado mundial do trabalho se aplica ao Brasil, segundo João Marcos Vidal, vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), órgão ligado à Presidência da República.
De acordo com Vidal, o jovem está no emprego informal porque não tem qualificação. “Grande parte dos jovens de baixa renda está na informalidade ou ganhando muito pouco, enquanto os que têm a família para sustentar os estudos vão ingressar mais tarde no mercado, depois da universidade ou de cursar uma escola técnica”.
Vidal afirmou que o futuro do jovem que começa a trabalhar antes de ter qualificação é prejudicado. “Dificilmente um jovem que ingressa antes dos 18 anos no mercado de trabalho vai ganhar mais que um salário mínimo na vida adulta”.
O dado do estudo que mostrou que o desemprego para as mulheres jovens (13,2%) é maior do que para os homens jovens (12,9%) também é observado no Brasil, segundo o vice-presidente do Conjuve. “A gravidez precoce agrava esse número”.
Com informações da OIT e da Agência Brasil