Crise escancara a necessidade de elevar nacionalização

A crise enfrentada pelo setor automotivo diante da falta de semicondutores escancarou a vulnerabilidade da cadeia de suprimentos e trouxe à tona a importância de as empresas ampliarem a localização de peças e componentes. Foi o que propôs Flavia Spadafora, sócia líder do setor automotivo da KPMG no Brasil, durante o primeiro dia do Seminário Megatendências 2022, realizado de forma online pela AutoData Editora até a quarta-feira, 16.

“A indústria possui uma pauta que deve ser redesenhada, a de suprimentos. Acreditávamos que a escassez dos semicondutores apresentaria melhora do segundo semestre de 2022 ao de 2023, mas diante do conflito Rússia-Ucrânia talvez tenhamos de lidar com nova escassez.”

Para Spadafora a história recente mostra, a exemplo da falta global de chips e da paralisação no Canal de Suez, como a indústria brasileira está amarrada a países, polos produtivos e continentes para finalizar a fabricação local, o que traz a necessidade de desenvolver olhar diferente sobre a questão e tornar o processo produtivo mais forte. E um novo alerta se acendeu diante do lockdown decretado em Shenzhen, China, cidade sede de polo tecnológico em que vivem 17 milhões de pessoas, no domingo, 13.

A cidade, sede da BYD, também abriga as companhias de produtos eletrônicos Huawei e de internet Tencent.  “Nós já vimos isso antes e, pelo visto, continuaremos a ver. É esperado que tenhamos novas ondas, o que impacta a oferta de insumos. E sentiremos, infelizmente, o que já sentimos no passado. É como se a resolução dessa questão, que estava tão perto, começasse a caminhar no tempo e demorasse mais. E toda vez que isso acontece é uma oportunidade de acelerar a nacionalização. Precisamos focar e fazer com que a vontade de fazer diferente não se perca.”

Da AutoData