Crise financeira e desemprego juvenil foram temas da Jornada Mundial pelo Trabalho Decente

Trabalho Decente é um conceito amplo, que integra todas as dimensões do trabalho. É definido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) como um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna aos/as trabalhadores/as.

Buscando apoio a consolidação destas diretrizes, comemorou-se no dia 7 de outubro o Dia Mundial do Trabalho Decente. Uma data reflexiva, mas principalmente de protesto, reafirmando a luta por condições dignas de trabalho para todos/as os/as trabalhadores/as, do campo e da cidade, do serviço público, do setor privado e informal.

Hoje, a atual conjuntura com a crise do sistema financeiro mostra um ataque brutal aos direitos da classe trabalhadora e ao trabalho decente. A maioria dos governos de direita aproveita-se para promover políticas de austeridade e arrocho salarial. “Felizmente, no Brasil, estamos numa situação melhor, com categorias conquistando ganhos reais e sem reforma trabalhista com retirada de direitos. Mesmo assim, não há o que comemorarmos neste dia, porque há muito que se fazer no sentido de garantir e ampliar direitos”, afirma João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT.

Desde 2008, as entidades sindicais vêm promovendo a Jornada Mundial pelo Trabalho Decente com atos, passeatas e mobilizações de rua em todo o mundo. As ações são capiteneadas pela CSI (Confederação Sindical Internacional) com apoio da CSA (Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas). O tema escolhido para este ano foi à crise financeria e o desemprego juvenil.

“Somos solidários a todos trabalhadores que lutam por trabalho decente, em especial os gregos, portugueses, espanhóis e irlandeses e suas respectivas centrais sindicais que têm realizado atos de protesto contra as políticas neoliberais e conservadoras impostas pelos seus governos”, destaca João.

“Quando surgiu a crise econômica, os governos utilizaram verbas públicas para socorrer as instituições financeiras falidas. Em contrapartida, promoveram políticas de ajuste fiscal e austeridade, que desmantelaram o estado e que tanto prejudicaram e prejudicam a população. Não satisfeito com tamanha carnificina, atacam também o movimento sindical com iniciativas que visam a retirada do direito legal e democrático de protestar e resistir. Por isso, neste Dia Mundial do Trabalho Decente, é de extrema importância empunharmos a bandeira em defesa da organização sindical”, sublinha o dirigente CUTista.

Exemplo disso é o estado São Paulo, onde a grande imprensa tem assumido candidaturas, geralmente de direita e neoliberal, que criminalizam os movimentos sociais. A revista Veja e os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo ostentam através de seus editoriais e articulistas posições contrárias às candidaturas do campo democrático-popular. E quando o Sindicato dos Bancários de SP faz um jornal analisando democraticamente as propostas dos candidatos que lideram a pesquisa à prefeitura de São Paulo, destacando aqueles que possuem comprometimento com a agenda da classe trabalhadora, é invadido na noite de 4 de outubro de forma truculenta pela polícia militar a mando da coligação tucana.

“E o cenário é muito pior, uma vez que os governos utilizam verba pública para favorecer essas candidaturas, como no próprio estado de São Paulo, que vem veiculando sistematicamente matérias pagas na TV sobre as ‘maravilhas’ e ‘eficácia’ do sistema de transporte, quando todos nós sabemos o quanto é precário e decadente. E a Justiça Eleitoral e os meios de comunicação não questionam essa barbaridade. Quando falamos em ineficiência tucana, a primeria imagem que vem na minha cabeça é a educação pública. Há mais de 30 anos o mesmo grupo mandando no Estado e vejamos a atual situação: uma educação de péssima qualidade, professores mal remunerados e escolas abandonadas. Neste sentido, 7 de outubro é dia também de ir às ruas em defesa de salários mais dignos, por uma sociedade mais justa e igualitária, com respeito à organização sindical e a democracia”, enfatiza João.

 

Da Cut