Cúpula das Américas: Brasil cresce como mediador e negociador
A 4ª Cúpula das Américas, que reúne 34 presidentes dos continentes americanos hoje e amanhã na Argentina – Fidel Castro, de Cuba, não vai -, tem como principais itens de pauta a formação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e a criação de empregos.
Mas o que estará mesmo em discussão são a governabilidade, as relações de poder e a incerteza política que ronda vários países da região.
Crises
Por isso, os principais focos de atenção serão o debate que George Bush, o poderoso presidente dos EUA, e seu adversário e presidente da Venezuela, Hugo Chávez, devem travar.
Também entrarão em debate os processos que abalaram há pouco Bolívia e Equador e terminaram com a queda dos presidentes de ambos os países.
As crises que têm ameaçado outros governos dos continentes americanos também estarão em discussão.
Os analistas observam, porém, que Bush chega à cúpula num momento em que os EUA olham para outro lado.
Isto é, dão prioridade ao que chamam de combate ao terrorismo e deixam a América Latina em segundo plano.
Brasil
É nessa conjuntura que destacam a importância do Brasil como negociador e estabilizador da região. Pesquisa mostra que as impressões positivas a respeito dos norte-americanos caíram em todos os países latinos desde que Bush assumiu a presidência há cinco anos.
Fora Bush também aqui
CUT Nacional, Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e outras entidades realizam ato de protesto amanhã contra a visita de Bush ao Brasil neste fim de semana. O ato será em frente ao Bank Boston, na avenida Paulista, em São Paulo, a partir das 14h.
O movimento chamará a atenção da população para várias ações tomadas pelo presidente norte-americano, como a política de agressão e crimes contra os povos do Afeganistão e do Iraque, a tentativa de derrubar o governo Chávez da Venezuela, o bloqueio econômico contra Cuba, o tratamento imoral dado aos imigrantes, a imposição da implantação da ALCA.
“Queremos que sua visita não passe despercebida pela sociedade e vamos fazer um debate com a população sobre a figura imperialista do governo norte-americano”, afirmou Lucinei Paes Lima, Secretária de Comunicação da CUT-SP.
Atos semelhantes serão organizados também em sete cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Brasília, Campo Grande, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém e Salvador.
500 entidades no encontro popular
A Cúpula ocorre ao mesmo tempo de dois encontros paralelos em Mar Del Plata, cidade que fica a 404 km de Buenos Aires. Um deles reúne empresários e o outro, chamado 3ª Cúpula dos Povos, representantes da sociedade civil.
Neste, mais de 500 organizações sociais de grande parte dos países americanos iniciaram terça-feira encontro organizado pela Aliança Social Continental. A pauta aprofunda as articulações contra a Alca e os TLCs (Tratados de Livre Comércio, bi e multilaterais) e a militarização dos EUA na América Latina.
Fóruns setoriais de mulheres, sindicalistas, indígenas, defensores dos direitos humanos, entre outros, também preparam uma grande marcha hoje contra a presença de Bush na Argentina.