Custo de saída da Mangels supera sua permanência

Além dos R$ 35 milhões que pagou a mais de verbas indenizatórias, empresa perdeu tanta credibilidade no mercado que precisou retirar suas ações da Bolsa de Valores


Trabalhadores aprovam pacote conquistado pelo Sindicato. Foto: Paulo de Souza / SMABC

A intransigência da Mangels ao insistir no encerramento de suas atividades em São Bernardo vai sair mais caro para a empresa do que se ela se mantivesse em funcionamento.

A afirmação é do presidente do Sindicato, Rafael Marques, após participar das reuniões que definiram o pacote de benefícios que serão pagos aos 368 companheiros demitidos pela fábrica.

“A decisão de fechar a fábrica é sempre a pior solução”, garante. “Isto acontece porque além dos R$ 35 milhões de indenização que ela pagará para aos trabalhadores, a empresa que faz essa opção perde a credibilidade no mercado e o prejuízo social é incalculável”, prossegue o dirigente.

Contramão
“O fim da unidade em São Bernardo deixou a impressão que houve erros da Mangels a marca de incompetência administrativa e isso já se reflete em suas ações que foram retiradas da Bolsa de Valores pela desvalorização que sofreram após o anúncio do fechamento”, prossegue Rafael.

“Se a informação que a empresa passava por dificuldades tivesse chegado ao Sindicato, teríamos usado toda a nossa experiência em impedir o fechamento de fábricas e teríamos evitado este desfecho que vai na contramão da política de incentivos que existe hoje no Brasil”, garantiu o presidente do Sindicato.

“Por isso, o Sindicato assume o compromisso para que o espaço ocupado pela Mangels não se transforme em um empreendimento imobiliário, mas seja ocupado por uma nova indústria”, concluiu Rafael.

Os trabalhadores na Mangels aprovaram nesta segunda-feira (21) em assembleia, o pacote de indenizações no valor total de R$ 35 milhões, negociado pelo Sindicato com a empresa.

Indenização será de R$ 35 milhões
“A intenção da empresa era pagar somente os direitos obrigatórios”, contou o coordenador de São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, que participou das negociações. Segundo ele, a paralisação feita pelos companheiros obrigou a empresa a negociar com o Sindicato.

“Mesmo com o anúncio de fechamento da fábrica, eles comprovaram seu histórico de combatividade, pois a disposição de luta dos trabalhadores foi fundamental para garantir os direitos”, disse.

Morcegão elogiou também a capacidade profissional dos companheiros. “Trata-se de um pessoal extremamente qualificado que não pode ficar parado”, afirmou. “Por isso, o Sindicato também assume o compromisso de recolocar essa mão de obra no mercado de trabalho”, finalizou o dirigente.

O acordo prevê o pagamento indenizatório adicional proporcional ao tempo de casa de cada trabalhador, o recebimento da segunda parcela de PLR sem metas e outros benefícios.

Da Redação