CUT abre 10º Congresso com presença de ministros e lideranças políticas

Cerca de 2.500 delegados participam do encontro, que na segunda e terça-feira realizou um seminário internacional para debater as estratégias sindicais na crise econômica mundial

Um palco de sessenta metros de frente e um auditório de 3.000 m2 até que foram pouco diante da representatividade e da diversidade da platéia e das bandeiras presentes ao ato de abertura política do 10º Congresso Nacional da CUT, realizado na noite de terça-feira (4), em São Paulo.

“Muitos já comentaram hoje sobre a grandiosidade desse plenário. Mas quero dizer que grande é o orgulho de organizarmos um Congresso de tamanha representatividade. É o 10º Congresso, um momento histórico que marca uma vez mais nossa característica de poderoso instrumento de organização dos trabalhadores e trabalhadoras e de suas lutas”, saudou o presidente da Central, Artur Henrique, ao falar após as várias lideranças sindicais, de governo, de partidos e de movimentos sociais que compareceram ao ato de abertura e que manifestaram seu apoio, admiração e companheirismo à CUT e a cada um dos delegados e delegadas de todas as regiões do País.

Na noite de abertura, o CONCUT já havia recebido o cadastro de 2.461 delegados, sendo que 40% são mulheres. Artur pautou sua fala pelos desafios imediatos que a conjuntura traz para a CUT. “Podem ter certeza de que desse Congresso sairão decisões como a ação política de nossa Central em defesa da democracia e do governo eleito de Honduras, uma moção de repúdio à repressão que o governo da Coréia do Sul tem feito sobre os movimentos grevistas e, sem dúvida, iremos às ruas já no próximo dia 14, na Jornada Nacional Unificada de Lutas, em várias cidades do País, para exigir a aprovação da redução da jornada de trabalho”, garantiu, em referência à mobilização com as centrais e os movimentos sociais na próxima semana, no mesmo dia em que a projeto de redução da jornada deve ir à voto na Câmara dos Deputados.

Artur destacou ainda a luta por um novo modelo agrário no Brasil, que combata o latifúndio e o agronegócio e fortaleça a agricultura familiar, e a luta imediata pelo fim dos leilões das jazidas de petróleo, em defesa da Petrobrás e de uma nova lei que garanta a soberania nacional sobre o pré-sal, como exemplos de ações para o próximo período.

Antes de Artur encerrar o ato, coube ao ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, transmitir as palavras do presidente Lula aos trabalhadores: “O presidente me pediu para dizer a vocês que ele tem um reconhecimento imenso por tudo que a CUT fez e faz por este país, não só na defesa dos direitos dos trabalhadores, mas de toda a nação. Se a CUT não tivesse lutado para impedir a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás, não estaríamos enfrentando a crise como agora. Não fossem os bancos públicos, o país teria quebrado.” Dulci destacou ainda o papel propositivo da Central. “A política de valorização do salário mínimo, de financiamento da agricultura familiar, de reajuste da tabela do imposto de renda para os assalariados e do crédito consignado foram propostas da CUT. A Central manteve a autonomia e a independência durante o governo Lula, criticando quando achava necessário, mas também apontando caminhos para o País”.

A Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não compareceu por problemas de agenda, mas enviou um vídeo onde saldava o eixo do 10º CECUT. “O desenvolvimento com trabalho, renda e direitos são também os princípios empregados pelo governo Lula para estabelecer uma política de transferência de renda que permitiu a criação de 10 milhões de empregos.” Terminou aplaudida de pé e sob gritos de “olé, olé, olé, olá, Dilma, Dilma.

“Ex presidente da CUT-SP e atual deputado federal pelo PT-SP, Vicentinho, citou memoráveis ações da Central Única dos Trabalhadores, entre elas, a recente mobilização em favor da redução da jornada sem redução de salário. “Tenho certeza que no próximo dia 14 de agosto veremos mais manifestações que ressoarão no parlamento e permitirão ao trabalhador brasileiro ter direito ao lazer, à vida e à dignidade”, acredita. Aprovada na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, a PEC 231/95 precisa ser aprovada nos plenários da Câmara e do Senado para diminuir a jornada de 44 para 40 horas semanais.

Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a simples redução seria capaz de criar 2,5 milhões de novos empregos no País. O também ex-presidente da CUT-SP e atual vice-presidente nacional do PT, Jorge Coelho, alertou que as conquistas da CUT nos últimos 26 anos, resultam em maiores responsabilidades. “Daqui para frente temos muito mais motivos para lutar. Ano que vem avançaremos no projeto político de formação de uma sociedade mais igualitária e socialista. Precisamos continuar sonhando e construindo essa nação”, afirmou.

Coordenador do 10º CONCUT, o secretário geral da Central, Quintino Severo, lembrou que dos 2.461 delegados eleitos em todo o país, 40% são mulheres, que se somam para fortalecer a luta por um novo modelo de desenvolvimento e um Brasil mais justo. “Com expressiva representatividade e participação, este será o Congresso da reafirmação da unidade da nossa Central, que é a maior do Brasil e a quinta maior do mundo”, acrescentou Quintino.

João Pedro Stédile, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), saudou “a solidariedade da classe trabalhadora urbana, sem o que o movimento, nascido no processo de luta e mobilizações de massa, não existiria”. “Mais do que irmãos de berço, somos companheiros de longa trajetória de luta”, lembrou Stédile, frisando que a hora é de somar contra o colonialismo do século 21. “Aqui estão reunidas as forças populares mais representativas, que precisam estar mobilizadas contra os que querem continuar mamando nas tetas do dinheiro público para recompor as suas taxas de lucro, contra os que querem se apropriar dos nossos recursos naturais, que estão de olho no nosso pré-sal”, acrescentou.

Em nome da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Edson França, da Unegro, sublinhou que a CUT vem jogando um papel fundamental no desenvolvimento e crescimento da articulação das entidades populares, “que tem protagonizado avanços mais profundos na sociedade brasileira a partir da mobilização por soberania, democracia, desenvolvimento e mais direitos”.

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, denunciou que os mesmos meios de comunicação que serviram aos adoradores do deus mercado e do neoliberalismo, agora se voltam contra os movimentos sociais, “pois querem acabar com as políticas sociais e os direitos”.

“A mídia sabe que somos uma força mobilizadora, que não estará à disposição da direita”, frisou.A dirigente da Marcha Mundial de Mulheres, Sônia Coelho, defendeu a urgência da “sustentabilidade da vida humana, com o fim da miséria e da desigualdade”.

O coordenador da Central Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Victor Báez, lembrou aos presentes que o Brasil, quando ratificar as Convenções 151 e 158 da OIT “dará importante exemplo para o mundo no combate à crise”.

A abertura do evento terminou ao som da Internacional, entoado pelos milhares de delegados e por representações de mais de 40 países.

Da CUT