CUT antecipa direção e quer congresso pela unidade da esquerda
Central apresenta proposta de executiva que será submetida aos 2.400 delegados que participarão do congresso nacional. Segundo o presidente, momento é de enfrentar uma "direita hostil e truculenta"
Vagner Freitas fala durante atividade da CUT Nacional (Foto: Roberto Parizotti)
A menos de duas semanas do início de seu congresso nacional, a CUT antecipou sua chapa única, que será submetida aos 2.435 delegados, para, segundo explica, concentrar esforços na discussão da conjuntura política e na apresentação de uma política econômica “popular”, em contraponto à aplicada atualmente pelo governo. Segundo o presidente da central e candidato à reeleição, Vagner Freitas, a preocupação é preparar o “enfrentamento” contra o conservadorismo e defender a unidade da esquerda. Neste momento, diz o dirigente, os movimentos sociais estão diante de uma “direita hostil e truculenta”.
A apresentação prévia de uma chapa é inédita em congressos da CUT, que costuma fazer essa discussão durante o evento. A nova direção, que será proposta no congresso, passa a ter 44 integrantes, sendo 22 homens e 22 mulheres – a paridade de gênero, implementada este ano, foi decisão do congresso anterior, em 2012. Já foi aprovada nos 27 congressos estaduais, conforme destacou o secretário-geral da entidade, Sérgio Nobre. Entre os novos nomes, figuram na direção executiva as presidentas do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, e do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel.
Estão sendo criadas três secretarias: Mobilização (para estreitar relações com os movimentos sociais), Cultura e Assuntos Jurídicos (que, ao lado da Secretaria-Geral, coordenará o escritório de Brasília). O atual secretário-geral deve permanecer, assim como a vice-presidenta, Carmen Foro.
O 12º Congresso Nacional da CUT (Concut) será realizado de 13 a 17, em São Paulo. O senador José Mujica, ex-presidente do Uruguai, estará na cerimônia de abertura, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará de debate no segundo dia.
Nobre lembrou que já houve uma abertura do congresso em março, em Brasília, para discutir a realidade brasileira e procurar alternativas de retomar o crescimento, além da defesa de uma reforma política. “Com esse sistema de representação, a classe trabalhadora não avança em direitos.”
Inimigos
O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, adiantou que na abertura do congresso será feita uma denúncia contra “essa inaceitável tentativa de golpe” em curso no Brasil, que representaria um retrocesso para todo o continente e uma derrota política para a esquerda. Ele destacou a presença de delegados internacionais (232, de 71 países) no Concut. E lembrou que a taxa de sindicalização na central (entre 33% e 34%) supera a média nacional (de 16% a 18%).
Para Felício, que deixará a executiva da CUT (foi presidente e atualmente é secretário adjunto de Relações Internacionais), um desafio é aglutinar, politicamente, uma nova massa de trabalhadores que ascendeu socialmente nos últimos anos. E também enfrentar avanços conservadores, exemplificados por projetos apresentados no Congresso. “Temos inimigos por todos os lados”, afirmou.
O diretor executivo Júlio Turra ressaltou a importância da unidade em um momento político e econômico difícil, desde a virada do ano, com medidas do governo como as medidas provisórias que dificultaram o acesso a benefícios sociais e as nomeações de ministros como Joaquim Levy (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), e um cenário de governo “extremamente impopular” – não apenas por causa da mídia, acrescentou. “A saída para o Brasil é mais direitos, mais democracia. A CUT teve a maturidade de ser unida nesse combate (ao retrocesso). A unidade se forja quando a gente enfrenta nossos inimigos de peito aberto e não fica discutindo picuinhas entre nós.”
A proposta de executiva a ser apresentada ao congresso tem essa preocupação, lembra Vagner Freitas. “Não vamos mais viver aquela maldição de os principais dirigentes ficarem trancados numa salinha (para definir a chapa). Temos de preparar a classe trabalhadora para o enfrentamento contra a direita. A discussão mais importante não é o cargo. Passamos três anos fazendo política no fio da navalha. A CUT tem autoridade política para defender que não haja retrocesso”, afirmou.
O presidente da central adiantou que a CUT apresentará uma proposta de “política econômica popular para o Brasil, não essa atrasada do Levy”, além de dizer “não” ao que chama de golpe, em nome de 4 mil entidades filiadas e 20 milhões de trabalhadores representados por sindicatos cutistas. A central quer se manter alinhada a outros movimentos em defesa de reformas estruturais, com o Estado como indutor da economia e em defesa da Petrobras. “Não vamos permitir que seja fatiada.”
A CUT também organiza um dia nacional de luta, neste sábado (3), e aproveitará a presença de delegados de todo o país para um ato pela democracia no dia 15, durante o congresso. “Estamos capacitados para o enfrentamento. A CUT nasceu para defender os trabalhadores e derrotar a direita”, diz Freitas.
Conheça abaixo a proposta de chapa construída por consenso por todas as forças políticas na Executiva Nacional da CUT, que será apresentada no 12ºCONCUT:
Presidente – VAGNER FREITAS DE MORAES
Vice-Presidente – CARMEN HELENA FERREIRA FORO
Geral – SÉRGIO APARECIDO NOBRE
Geral Adjunta – MARIA APARECIDA A. G. FARIA
Finanças – QUINTINO MARQUES SEVERO
Finanças/Adjunto – APARECIDO DONIZETI DA SILVA
Internacional – ANTONIO DE LISBOA AMANCIO VALE
Internacional/Adjunto – ARIOVALDO DE CAMARGO
Racial – MARIA JÚLIA REIS NOGUEIRA
Comunicação – RONI ANDERSON BARBOSA
Comunicação/Adjunto – ADMIRSON MEDEIROS FERRO JUNIOR (GREG)
Formação – ROSANE BERTOTTI
Formação/Adjunto – SUELI VEIGA DE MELO
Juventude – EDJANE RODRIGUES
Meio Ambiente – DANIEL MACHADO GAIO
Mulher – JUNEIA MARTINS BATISTA
Organização – ARI ALORALDO DO NASCIMENTO
Organização/Adjunto – EDUARDO LIRIO GUTERRA
Sociais – JANDIRA MASSUE UEHARA ALVES
Mobilização e Movimentos Sociais – JANESLEI ALBUQUERQUE
Relações Trabalho – MARIA DAS GRAÇAS COSTA
Relações Trabalho/Adjunto – PEDRO ARMENGOL DE SOUZA
Saúde do Trabalhador – MADALENA MARGARIDA DA SILVA
Secretaria Nacional de Cultura – JOSE CELESTINO LOURENÇO
Secretaria Nacional de Cultura/Adjunto – ANNYELI DAMIÃO NASCIMENTO
Secretaria Nacional Assuntos Jurídicos – VALEIR ERTLE
Dir. Executivo – MARCELO RENATO FIORIO
Dir. Executivo – MILTON RESENDE DOS SANTOS
Dir. Executivo – ROGÉRIO BATISTA PANTOJA
Dir. Executivo – MARIA DE FATIMA VELOSO CUNHA
Dir. Executivo – VITOR LUIZ SILVA CARVALHO
Dir. Executivo – ISMAEL JOSE CESAR
Dir. Executivo – ROSANA FERNANDES
Dir. Executivo – ELISANGELA DOS SANTOS ARAUJO
Dir. Executivo – JULIO TURRA
Dir. Executivo – VERGINIA DIRAMI BERRIEL
Dir. Executivo – JULIANA SALES DE CARVALHO
Dir. Executivo – ÂNGELA MELO
Dir. Executivo – JUVANDIA MOREIRA LEITE
Dir. Executivo – MARIA IZABEL NORONHA (BEBEL)
Dir. Executivo – JOSE RIBAMAR BARROSO
Dir. Executivo – MARA LUZIA FELTES
Dir. Executivo – CLAUDIO DA SILVA GOMES
Dir. Executivo – FRANCISCA TRAJANO DOS SANTOS
Via CUT e Rede Brasil Atual