CUT comanda ações políticas em defesa dos trabalhadores contra a crise

A ministra Dilma afirmou que o governo vai avaliar como as propostas apresentadas pelo movimento sindical serão incorporadas à estratégia de enfrentamento da crise financeira internacional

“Emprego, emprego e emprego. Essa deve ser a fórmula prioritária para enfrentar a crise”. Assim o presidente da CUT, Artur Henrique, resumiu a pauta da Central, ao abrir o encontro entre a Direção Nacional da entidade e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, realizado na quinta (4).

A ministra Dilma afirmou durante o encontro que o governo vai avaliar como as propostas apresentadas pelo movimento sindical serão incorporadas à estratégia de enfrentamento da crise financeira internacional. Dilma disse que a defesa dos empregos e dos salários são uma “questão central”. “Vamos tomar todas as medidas para evitar ao máximo o desemprego”, afirmou Dilma.

A reunião, realizada no auditório do Sindicato dos Bancários de Brasília, além de integrar a Reunião da Direção Executiva Nacional da CUT, faz parte das atividades cutistas na V Marcha Nacional da Classe Trabalhadora. A mobilização de rua foi realizada ontem, com a participação de aproximadamente 35 mil militantes.

Além da Marcha propriamente dita, feita em conjunto com as demais centrais, houve audiências com ministros e parlamentares (veja mais detalhes ao longo deste texto). A reunião com Dilma Rousseff foi organizada somente pela CUT. Um protesto realizado ontem diante do Ministério do Trabalho foi outra atividade exclusiva da Central.

Em resposta à pauta entregue pela CUT, a ministra garantiu que os investimentos nos projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e nas políticas públicas serão mantidos e ampliados, quando necessário. Ao dizê-lo, Dilma admitiu que o superávit primário é excessivo, pois “há margem orçamentária, acima da meta proposta pelo governo”, para manter o fluxo dos projetos em curso. A CUT cobra do governo o fim do superávit e o uso do dinheiro para projetos de desenvolvimento que gerem empregos, como fórmula de combater a crise e proteger os trabalhadores e trabalhadoras de suas conseqüências.

Dilma afirmou que vai encaminhar a proposta de contrapartidas sociais. Por essa proposta, empresas deverão cumprir metas explícitas de geração e manutenção de empregos se quiserem obter financiamento público, “socorro” oficial ou isenções tributárias. “Eu me comprometo a apresentar essa proposta para os outros agentes do governo”, disse.

A idéia já havia sido defendida durante audiência com as centrais, pelo ministro Luís Dulci, da Secretaria Especial da Presidência. Dulci prometeu marcar uma audiência entre as centrais e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, já na próxima semana, para estabelecer a maneira como os recursos da entidade podem ser “carimbados” pelas contrapartidas sociais.

“O momento exige rapidez para a tomada de decisões”, disse Dulci. “Vamos começar pelo BNDES, e logo na seqüência marcaremos com as presidências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de concretizar a proposta de contrapartidas sociais”, completou.

Nessa mesma audiência, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, afirmou que o momento “necessita de mais investimentos e menos juros. Estamos empenhados em construir uma política anticíclica”. Dulci também criticou a política de juros altos do Banco Central. “Essa questão tem ligação direta com o sucesso ou não do Brasil no enfrentamento da crise”.

Da CUT