CUT e centrais fecham acordo com a Venezuela para fornecer oxigênio a Manaus

“Falta oxigênio no pulmão do mundo. É um desleixo e total irresponsabilidade do governo”

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Com o acordo histórico de colaboração e solidariedade de classe entre a CUT, o Fórum das Centrais Sindicais (CUT, Força, UGT, CTB, CSB, NCST) e o governo da Venezuela, firmado no dia 20, o fornecimento de oxigênio hospitalar a Manaus, no Amazonas, será ampliado.

A Venezuela fornecerá 80 mil litros de oxigênio hospitalar por semana à capital do Amazonas. As centrais mobilizarão a logística, com transporte e distribuição.  Esse volume semanal equivale à soma de três dias de produção das fábricas locais que fornecem para Manaus. O primeiro comboio está previsto para chegar na semana que vem.

“Esse acordo é uma conquista do movimento sindical, da classe trabalhadora. Mostra, mais uma vez, que sabemos agir frente a um governo federal incompetente e criminoso, para salvar vidas dos trabalhadores, mostra também a solidariedade entre os países latino-americanos, entre o Brasil e a Venezuela, diante de uma crise sanitária que assola nosso país”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, que teve a iniciativa de procurar o governo da Venezuela.

“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para impedir que trabalhadores morram por falta de oxigênio. Toda gratidão ao povo venezuelano e ao presidente Nicolás Maduro”, disse. 

O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, chamou a atenção para a desumanidade do governo brasileiro.

Foto: Adonis Guerra

“Falta oxigênio no pulmão do mundo. É um drama enorme não ter oxigênio, pessoas morrendo sufocadas com a Covid-19, superlotação nos hospitais e médicos tendo que escolher quem vive e quem morre. É um desleixo e total irresponsabilidade do Ministério da Saúde e do presidente da República com a região Norte do Brasil. Alguém acha que vai faltar oxigênio em Porto Alegre, por exemplo, para homens brancos? Não vai”, ressaltou.

Os dirigentes das centrais também iniciaram contato com governos estadual e local para articular e encaminhar essa cooperação. Também buscam a iniciativa privada, especialmente setores de transporte e autopeças, para garantir a escala da produção da fábrica de oxigênio e de caminhões, já que a Venezuela enfrenta o embargo dos Estados Unidos.

“Lamento que o Brasil enfrente um boicote do seu próprio presidente da República. Nós sabemos bem o que é sofrer um boicote, mas aqui na Venezuela temos governo, temos um presidente que governa para o povo e pelo povo”, destacou o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza.

A Venezuela já doou e entregou, com sua frota, mais de 130 mil m³ de oxigênio ao Brasil, apesar de o governo Maduro não ser reconhecido pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que apoia o boicote dos Estados Unidos.

Com a CUT.