CUT e centrais propõem retomada da política de valorização do salário mínimo

Proposta acelera a política nos próximos três anos e depois estabelece política de longo prazo

Foto: Leandro Gomes/CUT-DF

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, e representantes da Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, Publica e Intersindical Central da Classe Trabalhadora entregaram ontem a proposta de retomada da Política de Valorização do Salário Mínimo ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em Brasília. A apresentação foi feita no grupo de trabalho criado pelo governo Lula para encaminhar essa que é uma das principais reivindicações do movimento sindical.

“Dia histórico para a classe trabalhadora, um marco da retomada do diálogo e protagonismo pelo qual sempre lutamos e a que temos direito. Resultado da nossa resistência e luta, é uma vitória histórica ouvir do governo Lula, na fala do ministro Marinho, que há consenso em retomar a política de valorização do salário mínimo”, afirmou Sérgio Nobre.

“Ela aponta novamente para aquilo que a classe trabalhadora, as centrais sindicais vêm dizendo, ou seja, que precisamos fazer o país voltar a crescer de maneira vigorosa, com geração de empregos de qualidade. E a base para isso vai ser a injeção de recursos no bolso do próprio trabalhador, para ele consumir, a indústria produzir e os empregos aparecerem”, explicou.

Marinho afirmou que nas próximas duas semanas ele e o grupo de trabalho do governo vão analisar a proposta apresentada para então dar continuidade às conversas.

Destruição

Foto: Adonis Guerra

O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira, ressaltou a importância da retomada do diálogo com o governo e da política de valorização do salário mínimo.

“O último governo foi de destruição, acabou com o Ministério do Trabalho e com a política de valorização do salário mínimo. Foi dinheiro que deixou de entrar no bolso dos trabalhadores, principalmente dos mais pobres, que poderia ter sido injetado na economia e valorizado o poder de compra de toda a população. É muito importante o governo ter recriado o Ministério do Trabalho, o que traz a importância do diálogo com as centrais sindicais para poder debater, dentre outras questões, a política de valorização do salário mínimo”.

“Não é justo o trabalhador que constrói a riqueza do país esteja sendo penalizado por irresponsabilidade do governo anterior que acabou com a política de correção do salário mínimo, levando em conta que todo o ano os trabalhadores têm percas com a questão da inflação. É preciso ter a valorização do salário mínimo para recuperar o poder de compra e fazer a economia girar”, defendeu.

30 anos

A proposta das centrais quer acelerar a política de valorização do salário mínimo nos próximos três anos e recuperar o que não foi aplicado ao salário mínimo pelo governo anterior para, então, estabelecer uma política de longo prazo até 2053.

Segundo o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Jr., a ideia é que se retome a política de valorização anterior, ou seja, a inflação dos últimos 12 meses, mais o PIB dos dois anos anteriores.

“Só que a diferença é que estamos propondo o piso mínimo de aumento real de 2,4%, isso porque 2,4% é a média de crescimento do Brasil desde o início do Plano Real”, explicou.

Fausto defendeu que, assim como o Banco Central, que tem uma meta de inflação, é importante estabelecer uma meta de crescimento do salário mínimo e também uma meta sobre o mínimo que o Brasil deveria crescer do ponto de vista geral, ao longo de 30 anos. Essa meta geral deverá ser revista a cada 10 anos, segundo a proposta.

Luta histórica

Em 2004, as CUT e as demais centrais sindicais, em um movimento unitário, lançaram a campanha pela valorização do salário mínimo, com três marchas conjuntas em Brasília.

Desde 2003 até 2017, segundo o Dieese, o ganho real, ou seja, acima da inflação foi de 77,01%.

Em 2017 e 2018, o reajuste foi menor que a inflação por conta da retração do PIB. O governo anterior abandonou a valorização do salário mínimo.

A partir de 1º de maio de 2023, o valor do salário mínimo passará de R$ 1.302 para R$ 1.320.

Com informações da CUT