CUT e CSI ingressam com denúncia na Organização Internacional do Trabalho
“Governo de Minas usa a mordaça como pedagogia do medo”
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Sindical Internacional (CSI) estão formalizando uma denúncia na Organização Internacional do Trabalho contra as reiteradas práticas antissindicais do governo de Minas Gerais, que tem usado e abusado dos mais sórdidos artifícios para tentar calar a voz dos que não se curvam aos seus ditames.
Não bastassem mazelas como os baixos salários, o não pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional, o descumprimento de decisão do Supremo Tribunal Federal, as péssimas condições de trabalho, o congelamento do Plano de Carreira até 2015 e a crescente violência que invade as salas de aula, o governo estadual – aliado do ex-governador Aécio Neves, candidato tucano à sucessão presidencial e a coligação encabeçada pelo PSDB – age agora para silenciar os que não se curvam aos seus desastrosos ditames.
Em função do comprometimento da maioria dos donos dos meios de comunicação com o governo estadual e do seu candidato à sucessão, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado (Sind-UTE/MG) vinha veiculando anúncios pagos, sendo acusado por isso de estar realizando “propaganda eleitoral”, quando na verdade apenas esclarecia a população sobre a real situação da escola pública. Até o início de setembro foram nove representações contra a entidade. E, para a vergonha dos mineiros, denuncia o Sindicato, o Tribunal Regional Eleitoral, adotou a tese, concordando com a tentativa de calar a categoria durante as eleições.
Alvo mais recente da perseguição, a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado (Sind-UTE/MG) e também presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, destacada liderança da luta pelo ensino público, gratuito e de qualidade, não se intimida. Bia, que é reconhecida nacional e internacionalmente pela sua capacidade de diálogo e de representação da categoria, está sendo censurada pela imprensa local que, pela ação do governo estadual, deve apenas falar bem das suas realizações, negando espaço ao contraditório.
“Toda liderança de qualquer movimento social tem o direito de dizer o que é bom ou ruim para a sua base e denunciar para a sociedade o que entende que está errado. Este é um direito humano reconhecido mundialmente. Também ninguém pode ser punido por estar expondo livremente o seu direito constitucional de opinião”, declarou o presidente da CSI, João Antonio Felício.
Diante de mais esta investida dos que encastelados na mentira se creem acima da verdade e da Justiça, a CUT e a CSI se somam à luta dos educadores e da sociedade mineira para que a realidade não seja maquiada, jamais.
Afinal, como bem sintetizou Bia, a democracia não se constrói “tendo a mordaça como pedagogia do medo, enquanto se destrói a escola pública”.
Da CUT Nacional