CUT inicia campanha de ajuda ao povo catarinense

Direção Nacional vai definir melhor forma de auxílio, de acordo com as necessidades das vítimas

A CUT lamenta profundamente a tragédia que se abateu sobre o povo de Santa Catarina nos últimos dias. Mais que manifestar nosso pesar, informamos que nossa Direção Nacional, que estará reunida em Brasília nos próximos dias 4 e 5, vai discutir qual a melhor forma de prestar auxílio às vítimas, com a ajuda de diagnóstico da situação atual que nossas entidades filiadas no Estado estão nos encaminhando. No momento, algumas de nossas confederações já estão enviando auxílio. Convocamos todas as entidades a participar.

Artur Henrique, presidente nacional

Leia a nota oficial

natureza, às vezes, parece se opor a nós quando nos castiga com reveses como a tragédia vivida neste momento. Não cabe aqui uma discussão ambientalista acerca de nossas responsabilidades para com a natureza, mas cabe pensar no sentido de humanidade, necessário àqueles que vivem em comunidade, ou seja, todos nós.

Os prejuízos vivenciados pelos atingidos estão longe de ser apenas de ordem material. Os maiores prejuízos, os mais diretos, estão sendo sentidos pelos familiares dos 84 mortos, 30 desaparecidos e mais de 54 mil desabrigados, conforme registrado pela Defesa Civil até ontem, sem considerar os milhares que perderam seus bens para as águas que invadiram suas casas.

O Governo Federal enviou três Ministros ao Estado e o Presidente Lula cogita estar aqui pessoalmente até o final de semana. Estimativas apontam para liberação de R$ 700 milhões de reais. Sabemos que o Estado não demorará na recuperação das rodovias e infra-estrutura básica de energia, gás e água. Em grande parte o fornecimento está prejudicado e em inúmeras cidades até interrompidos, sobretudo de água.

A pergunta e, de certa forma, o sentimento de impotência que fica, é em relação à recuperação das pessoas. Municípios catarinenses e de outros Estados, entidades não governamentais, associações de moradores, sindicatos e outras, movidos pelo espírito de solidariedade, estão fazendo arrecadações de gêneros alimentícios, roupas e colchões, e enviando-os aos municípios atingidos. O Governo Federal possivelmente liberará os recursos do FGTS, o que é bom, porém insuficiente, pois atenderá somente aos que ainda estão em relações formais de trabalho, aqueles com carteira assinada. Insuficiente, inclusive, para os que serão beneficiados, uma vez que para a maioria dos trabalhadores, o valor depositado é muito baixo, se comparado as reais necessidades. Baixos, não só devido a baixa renda dos trabalhadores, mas também pela enorme rotatividade que atualmente há nos empregos, justamente pela estratégia dos empregadores em não manter nos seus quadros funcionários por muitos anos, como forma de manter os salários baixos. A determinação de liberar o FGTS é insuficiente se considerarmos o exército de desempregados, os que vivem dos chamados “bicos”, e dos trabalhadores autônomos completamente desprovidos de condições de manter qualquer reserva para momentos como esse. Em relação a estes é que se pergunta: como é que recomeçarão suas vidas? Em que pese a boa vontade do Governo com a liberação do FGTS, isto é, em devolver a reserva que os trabalhadores fazem em razão do vínculo empregatício, é preciso também ser criativo e pensar formas de como auxiliar os que não contam com este recurso.

A Defesa Civil abriu duas contas bancárias para doações. Há, no entanto, aqueles que preferem fazer suas contribuições diretamente aos necessitados que conhecem, as pessoas de suas relações, sejam familiares, vizinhos, colegas de trabalho.

Temos certeza que nossos sindicatos e sindicalistas estão inseridos nessa campanha, muitos começando pela ajuda direta aos seus sindicalizados. Nós da Central Única dos Trabalhadores, nos solidarizamos com todos os trabalhadores, celetistas, estatutários, autônomos, todos aqueles que lutam para viver. Com este espírito, sugerimos aos sindicatos dos municípios não atingidos, que entrem em contato com os sindicatos cutistas dos municípios assolados, verificando as necessidades e possibilidades de ajuda.


Da CUT