CUT quer agenda positiva em São Paulo

Os trabalhadores querem participar da definição das políticas públicas no Estado. Ao contrário do governo federal, o governo Serra não apresentou um projeto concreto de desenvolvimento econômico. Desde 1995, a Grande São Paulo vem empobrecendo e perdendo renda.

Agenda paulista: Trabalhadores exigem participação

A CUT quer ações concretas do governo do Estado para impulsionar o
desenvolvimento econômico e abrir novos postos de trabalho, além da participação
dos trabalhadores na definição das políticas sociais.

O documento a ser entregue ao governador José Serra pede igualdade social,
democracia e participação social.

“Queremos saber qual é a capacidade do governo estadual em promover
desenvolvimento, pois até agora o governador só pega carona nas políticas do
governo Lula”, disse Adi dos Santos Lima, secretário geral da CUT paulista.

Omissão – Ele lembrou que Serra se recusa a ouvir os trabalhadores,
promovendo a deterioração das condições de trabalho.

“Nada foi debatido com os movimentos sociais e sindicais. O governador não dá
nenhuma satisfação social e seus projetos são enfiados goela abaixo da
população”, comentou Adi.

Ele disse que o governo estadual precisa desenvolver projetos de distribuição
de renda. “A população do Estado não pode ficar apenas com o Bolsa Família”,
comentou.

Adi disse que os trabalhadores querem debater com o governador políticas para
incrementar o mercado de trabalho, já que aqui em São Paulo o ritmo de abertura
de vagas é menor que em outros Estados.

“Diferentemente do governo federal, o governo do Estado ainda não apresentou
um projeto concreto de desenvolvimento econômico e de políticas sociais”,
afirmou ele.

Pressão – Por fim, o documento da CUT pede a Serra democracia e
participação social. “Já pedimos várias audiências e até agora não tivemos
nenhuma resposta”, disse.

No dia 13 de outubro a CUT entrega o documento na Assembléia Legislativa. Adi
disse que a Central vai conversar com todos os partidos políticos para que essas
reivindicações sejam levadas em consideração durante os debates da Lei de
Diretrizes Orçamentárias.

“Serra se aproveita dos recursos federais e volta as costas aos
trabalhadores, dando continuidade ao projeto neoliberal das privatizações”,
concluiu.

Desempenho de SP desde 1995 é muito pior que o do País

A proposta de agenda da CUT é mais que necessária. A região metropolitana de
São Paulo vive uma crise desde o Plano Real. Dados do economista André Urani, do
Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), baseado na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), constatou que de 1995 a 2006, a renda
média por pessoa na região caiu 6%, a pobreza cresceu 19,4% e a extrema pobreza
aumentou 2,8%. Esse é o mesmo período em que o Estado é governado pelo PSDB.

Esses números contrastam com os do Brasil. No mesmo período os dados da Pnad
mostram que a renda cresceu 13,4%, a pobreza caiu 25,8%, e a extrema pobreza
sofreu a grande redução de 62%.

‘É preciso que São Paulo assuma a dimensão da sua crise, para que se possa
pensar soluções e caminhar para a frente’, disse Urani. Na verdade, segundo o
economista, a região metropolitana de São Paulo, composta por 40 municípios
(incluindo a capital) ainda tem melhores indicadores do que o Brasil, mas a
diferença era muito maior antes de 1995.

Abertura – Para Urani, a piora da metróplole paulista era previsível,
por causa do processo de abertura comercial da economia brasileira nos anos 90.

“Com a competição, as indústrias, que antes permaneciam nas maiores
metrópoles pelas vantagens trazidas pela aglomeração, começaram a fugir”,
comentou o economista. Ele observou que regiões metropolitanas como as do Rio e
São Paulo foram as maiores perdedoras do ciclo de mudanças econômicas
neoliberais dos anos 90. ‘Desatar o nó de São Paulo é importante para o Brasil’,
disse Urani.