CUT realiza 16ª Plenária Nacional para construir plano de lutas em defesa da classe trabalhadora

De olho no futuro, dirigentes apontam para o novo modelo de representação sindical no pós-pandemia

Foto: Roberto Parizotti

A CUT realiza até domingo sua 16ª Plenária Nacional para debater e aprovar resoluções, com o objetivo de construir um plano de lutas em defesa da classe trabalhadora, contra carestia, pela geração de emprego decente e para fortalecer a democracia. 

Na abertura do encontro, realizada na última quarta-feira, 20, em ambiente virtual em decorrência da pandemia de Covid-19, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o movimento sindical brasileiro precisará se reinventar na sua forma de atuação futura. Lula destacou a proteção aos trabalhadores de aplicativos, indústria que contrata sem direitos e trata o trabalhador como se fosse microempreendedor. 

“Existe uma revolução digital ocorrendo em todo mundo e o Brasil está atrasado nisso. Essa indústria dos aplicativos está consumindo a energia da nossa juventude, oferecendo emprego (aos jovens) como se fossem micro ou médio empreendedores quando, na verdade, são pessoas que estão enfrentando um serviço que deveria ter Previdência Social, segurança e direitos mínimos”, ressaltou o ex-presidente.

Ao se referir às transformações no mundo do trabalho, Lula destacou que a nova classe trabalhadora está perto de uma relação de escravização. “Essa gente, trabalha, trabalha, trabalha e quando se acidenta ou fica doente não tem nenhuma proteção do Estado”, exemplificou.

Principais desafios 

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, destacou que a reorganização representa um dos principais desafios do movimento sindical, especialmente por conta desse momento de transformações no mundo do trabalho, que foram aceleradas pela pandemia.

“O home office é uma realidade, portanto, o local de trabalho mudou. Isso não é uma transformação pequena. Os sindicatos que forem até os locais, encontrarão apenas 20% dos trabalhadores e trabalhadoras. Os aplicativos também são realidade, mudanças que colocam em xeque a nossa organização sindical. O mundo que sai da pandemia não cabe mais ao nosso modelo”, disse o dirigente.

Foto: Roberto Parizotti

Homenagens

Além de homenagear os ex-presidentes da CUT João Felício e Kjeld Jackobsen, mortos em 2020, que dão nome ao evento e foram lembrados em todas as falas, a 16ª Plenária também fez um minuto de silêncio em respeito aos 603.902 mortos em decorrência da Covid-19.  

Ex-presidenta Dilma Rousseff

Em vídeo transmitido na abertura da Plenária, a ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil atingiu o mais fundo patamar de horror, em uma escala nunca antes vista de desumanidade. No entanto, ressaltou que a atuação dos sindicatos impediu um cenário de crise pior, que já atinge altas taxas de desemprego e informalidade.

“O movimento sindical é um exemplo de resistência contra o desemprego recorde, contra o desprezo aos direitos trabalhistas e contra a precarização no trabalho”.

Com informações da CUT