Dados apontam retomada da economia brasileira
Aumento das vendas e dos investimentos indicam que o pior momento da crise pode ter passado
Dados apontam para recuperação
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, afirmou na quarta-feira (19) que diversas empresas do setor automotivo tomaram decisões precipitadas ao primeiro sinal da crise econômica mundial e agora estão precisando recuar. “Elas perceberam que, passado o susto inicial, o mercado voltou a crescer”, destacou.
A Renault é uma delas. Em janeiro, sua fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, suspendeu por cinco meses o contrato de 850 metalúrgicos e diminuiu a produção para 300 unidades por dia.
Segunda-feira, ela chamou metade desses trabalhadores de volta e anunciou o aumento da produção para 450 veículos diários.
Contribuiu bastante para a mudança a decisão do governo federal, anunciada em 12 de dezembro, de reduzir o IPI. Os preços dos carros caíram entre R$ 1.500,00 e R$ 3.000,00, provocando a subida das vendas.
Ação e reação
Como nosso Sindicato previa, o aumento da comercialização incentivou a produção.
Segundo a Anfavea (representante das montadoras), a fabricação de veículos cresceu 92% em janeiro. Foram feitas 186 mil unidades no mês, ante 96 mil em dezembro.
Essa recuperação foi a principal justificativa para o acordo firmado terça-feira entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, em Minas Gerais, a Fiat e 14 empresas fornecedoras de autopeças, que garante 40 mil empregos nestas empresas até 10 de março.
Mobilização e negociação
Tudo indica que essa recuperação vai prosseguir.
A Fenabrave (associação das revendedoras) anunciou terça-feira que as vendas em todos os segmentos de veículos aumentaram 15,56% na primeira quinzena de fevereiro em relação com igual período de janeiro, com a comercialização de 182.522 unidades.
Com base nesses dados é que Sergio Nobre repete que a crise atinge cada empresa ou setor de forma diferente, por isso não existem soluções prontas para todas as situações.
“A dobradinha mobilização dos trabalhadores e poder de negociação do Sindicato tem garantido a manutenção de empregos e rendimentos dos metalúrgicos da base, com o uso de banco de horas, compensação e outros mecanismos negociados de acordo com a realidade de cada empresa até que a gente supere o momento”, concluiu.
Essa dobradinha funcionou ontem na Brasmetal, laminação de Diadema, em que cerca de 500 trabalhadores aprovaram a proposta de redução de 20% na jornada e a garantia de emprego, ambos por três meses, a partir de 1º de março.
Os salários caem 15%, mas a renda mensal será mantida com vales compra. “Essa é uma das situações em que a gente examina com cautela e dá o tratamento específico”, disse Claudionor Vieira, diretor do Sindicato, ao ressaltar o valor da negociação para que o rendimento mensal dos companheiros fosse mantido.