Debate sobre empregos do futuro tem que incluir a visão do trabalhador
Foto: Edu Guimarães
O secretário de Formação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, e CSE na Volks, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, foi reconduzido por mais dois anos ao cargo de conselheiro nacional do Senai, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
A primeira reunião do mandato será na próxima terça, dia 20. Em entrevista à Tribuna, Bigodinho explicou a importância de os trabalhadores ocuparem espaços de discussão de maneira organizada.
Tribuna – Por que ocupar os espaços?
Bigodinho – Em um mundo que se movimenta tão rápido, os trabalhadores não podem ser pegos de surpresa com os avanços da Indústria 4.0 e de como as mudanças afetarão os empregos.
É importante participar dos debates do Sistema S para discutir a qualificação profissional necessária para que os trabalhadores estejam preparados a ocupar os empregos do futuro.
Tribuna – Quem integra o Conselho?
Bigodinho – O Conselho é presidido pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, e é integrado pelos presidentes dos conselhos regionais, dos Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego, e representantes dos trabalhadores na indústria.
Tribuna – Como funciona hoje?
Bigodinho – Existem comitês definindo o futuro das profissões. Por exemplo, participei de uma discussão que tirou os encaminhamentos sobre o técnico em mecânica do futuro e mecânicos que irão trabalhar em concessionárias para mexer com os carros híbridos e elétricos.
Mas tem setores que, mesmo tendo conselheiros, não estão sendo chamados. Têm casos em que levam o trabalhador, sem ser dirigente sindical, que não tem poder de decisão e que, muitas vezes, é obrigado a aceitar o encaminhamento dado pelo Sistema S.
Os representantes dos trabalhadores querem a participação efetiva nos espaços para acompanhar de perto as mudanças e saber, de fato, o que acontece com os investimentos nessa caixa preta que é hoje o Sistema S.
Tribuna – Como os representantes dos trabalhadores devem atuar?
Bigodinho – Temos a possibilidade de mudar a grade curricular dos cursos, participar do que está sendo discutido com as novas tecnologias e propor conteúdos que atendam aos trabalhadores.
Os representantes das centrais sindicais precisam ter o compromisso de participar das reuniões e acompanhar o que está acontecendo no Sistema S. A ideia é conseguir mudar o formato para fortalecer a atuação dos trabalhadores, reorganizar esse meio de interlocução e avançar.
Para isso, estamos propondo um seminário com todos os conselheiros para fazer um grande debate e, de forma organizada, fazer o enfrentamento em defesa dos trabalhadores.
O QUE É O SISTEMA S
O Sistema S é um conjunto de entidades patronais, financiadas pelo dinheiro público, proveniente das contribuições obrigatórias das empresas ao governo federal, com o objetivo de qualificação e formação profissional dos trabalhadores.
É organizado por setores empresariais – indústria, comércio, agricultura, transportes e cooperativas.
Os valores arrecadados pelas entidades vêm da contribuição sobre a folha de salário. São considerados recursos públicos, entram no cálculo da carga tributária, mas são destinados para o financiamento das entidades, que são de direito privado. A destinação dessas receitas não sofre ingerência do poder público.
Da Redação.