Decisão do setor automotivo reverte remessas de capital

Nos primeiros seis me­ses deste ano, as mon­tadoras instaladas no País investiram R$ 2,8 bilhões em projetos no Brasil, uma alta de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2013.

“Esses são os primeiros resultados do novo Regime Au­tomotivo, o Inovar-Auto, que os metalúrgicos do ABC lutaram muito para que fosse implan­tado”, declarou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

O montante destinado pelo setor automotivo a investi­mentos no País é maior que as remessas de lucros das monta­doras pela primeira vez em cin­co anos.

“Sempre defendemos o forta­lecimento do parque industrial automotivo por sua importân­cia econômica e social, já que as montadoras empregam no Brasil 126 mil trabalhadores, as autopeças outros 314 mil, além de centenas de milhares de postos de trabalho de maneira indireta em setores industriais, de comércio e serviços, como mecânicas, revendas, pinturas, seguradoras e muitos outros”,afirmou Rafael.

“E agora estamos assistindo a reversão do processo danoso – denunciado por nós na época – quando as montadoras insta­ladas no Brasil socorreram suas matrizes logo após a explosão da crise econômica mundial, em 2009”, destacou Rafael.

Segundo ele, nas políticas inauguradas pelo Inovar-Auto encontra-se a principal explicação para a mudança do comportamento do setor au­tomotivo.

“Um dos aspectos mais importantes do Inovar-Auto é permitir incentivos fiscais às empresas, desde que utilizem uma grande quantidade de componentes nacionais em seus produtos”, lembrou o pre­sidente.

Este mecanismo vai incen­tivar as montadoras a com­prar peças no País e inibir sua importação, fortalecendo as autopeças nacionais e criando empregos no setor.

“Quero salientar que nesta política de incentivos fiscais às montadoras, previstos pelo novo Regime, a contrapartida é obrigatória”, disse Rafael.

“O Inovar-Auto também condiciona as empresas a inves­tirem em pesquisa e desenvol­verem tecnologias no Brasil em busca de uma política estrutu­rante para o setor”, prosseguiu.

O presidente do Sindicato fez questão de ressaltar que estes resultados positivos são a consequência do caminho defendido pelos trabalhado­res e seguido pelo governo para superar a crise econômica mundial.

“A crise foi desastrosa para a produção da indústria no Bra­sil, afetando principalmente o mercado externo e derrubando nossas exportações”, lembrou.

“Porém, ao contrário de muitos países no mundo, es­tamos vencendo a crise com a manutenção de empregos e de direitos sociais. E agora o País também inverte a tendência de remessas de lucro e o dinheiro que era enviado para fora volta a ser usado como investimentos produtivos aqui”, prosseguiu.

No entanto, ele frisou que toda essa política acertada de incentivo à produção só terá resultados positivos se os ban­cos voltarem a liberar dinheiro para empréstimos.

“Apenas no primeiro tri­mestre deste ano os bancos lucraram R$ 13,6 bilhões. Por isto pergunto cadê o crédito, cadê o crédito?”, enfatizou.

“Falamos de um setor que está jogando contra o cresci­mento do País”, insistiu Rafael. “Será que isso tem algo a ver com as eleições, como vergo­nhosamente fez o Santander com seus clientes VIPs?”, ques­tionou o presidente.

Da Redação