Defesa da comunicação encerra segundo dia da plenária final do Congresso

Franklin Martins, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, foi um dos debatedores


O ex-ministro Franklin Martins discursa na mesa sobre comunicação. Fotos: Rossana Lana / SMABC

Uma firme defesa do projeto de comunicação do Sindicato e do uso dos novos meios de comunicação como forma de contrabalançar o poder da mídia conservadora marcou a mesa A política de comunicação: os desafios da inclusão e da comunicação, que encerrou os trabalhos desta quinta-feira (18) no 7º Congresso dos Metalúrgicos do ABC.

Primeiro a falar, o diretor de Comunicação do Sindicato, Valter Sanches, destacou que a entidade investe R$ 9 milhões em TV, jornais, internet e rádio para fazer frente à mídia hegemônica no País.

“Fazemos isso para oferecer à sociedade uma alternativa aos meios de comunicação que distorcem os fatos, defendem os interesses das elites e não divulgam as ações dos movimentos sociais”, afirmou.

Em seguida, o ex-ministro das Comunicações do governo Lula, Franklin Martins, lembrou que o dia era história devido à sanção de duas leis pela presidenta Dilma. A instalação da Comissão da Verdade, que vai apurar violações dos direitos humanos no Brasil desde 1946 e a norma que acaba com o sigilo de informações, inclusive as consideradas secretas.

“O enorme avanço para a democracia no País que essas leis representam só dará um passo adiante quando a sociedade conquistar a democratização dos meios de comunicação”, disse.

Ele lembrou que a chegada dos meios eletrônicos de comunicação transformou cada pessoa em jornal ou emissora de tevê, o que permite inúmeras fontes de informação e não mais as poucas existentes hoje, todas ligadas a poucas famílias.

“Isso representa uma mudança incrível, que ainda não sabemos onde vai dar. Vai depender de nós entrarmos nisso e sermos bem sucedidos ou não”, declarou Martins às centenas de delegados do Congresso que acompanhavam o debate.


Simone Vieira, do CSE na Ford; Maria Inês Nassif; Franklin Martins e Valter Sanches

Em sua opinião, o momento atual abre extraordinárias possibilidades, que os movimentos sindical e popular devem aproveitar, participando do processo com combatividade, determinação, equilíbrio, otimismo e inteligência.

“Se nas décadas de 1950 e 1970 as grandes bandeiras da democracia eram a conquista do voto e da liberdade sindical, hoje a democratização da comunicação é fundamental para o aprofundamento desse processo”, prosseguiu Martins.

“O governo tem que liderar essa luta. Se o governo topar, tenho certeza que os defensores da democratização dos meios de comunicação vencem”, defendeu.

A jornalista Maria Inês Nassif, que falou a seguir, concordou, mas alertou que o País vive uma armadilha. “A mídia tradicional captura poderes da sociedade e impede o debate de temas importantes”, declarou.

Segundo ela, esta ofensiva é permanente e atua, por exemplo, quando a sociedade fala em democratizar os meios de comunicação e é acusada de defender a censura ou quando pede o financiamento público de campanhas políticas e á acusada de defender a corrupção.

“O governo acaba recuando diante dos ataques porque se considera refém do poder de chantagem da mídia tradicional”, analisou Maria Inês.

Para ela, o uso da internet ainda não conseguiu vencer a agenda imposta pela imprensa tradicional, o que deixa a democracia sempre em questão e impede o debate.

“Não entrando nesses debates deixamos tudo como está e não há mudanças na sociedade. Precisamos começar a colocar a cara para bater, pois esses debates não podem ser vetados por termos medo de defender a democracia”, concluiu a jornalista.

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Da Redação