Demanda do Sindicato, Volks vai testar 14 mil trabalhadores para a Covid-19
Testes envolvem todos os diretos e terceiros na montadora. Sindicato reivindica que todas as empresas façam a testagem.
Com o aumento de infectados pela Covid-19 nas fábricas e com o ABC próximo de alcançar 50 mil casos e 2 mil mortes, o Sindicato reivindica das empresas da base que realizem o teste em todos os trabalhadores. Na Volks, 570 pessoas já testaram positivo e a demanda foi atendida. Serão 14 mil testes, entre trabalhadores diretos e terceiros, com início na sexta-feira passada e previsão de término até hoje.
O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, reforçou que a prioridade é a vida. “Desde o início da pandemia, nossa ação prioritária é garantir as vidas e a saúde de cada companheiro e companheira. Fizemos o isolamento social e depois fizemos acordos de retorno ao trabalho que sequer ouviríamos em uma situação normal”, afirmou.
“Agora temos que cobrar que o poder público faça o teste em massa e que as empresas também façam a sua parte para ter o foco real da transmissão e poder estancar a contaminação e as mortes. Se não fosse o total desrespeito e desprezo com a humanidade dos governantes que aí estão, o Brasil não estaria assistindo a esse genocídio, que já ultrapassou 108 mil vidas perdidas”, continuou.
O coordenador da Comissão de Fábrica na Volks, Wagner Lima, ressaltou que o surto na montadora e o aumento de casos em São Bernardo, que registra 22.749 infectados e 706 óbitos, reforçaram a urgência da reivindicação.
“Toda a negociação com a fábrica foi pautada pela nossa preocupação com a vida em primeiro lugar. Mesmo com todos os cuidados de higiene e sanitários, ainda temos um número crescente de pessoas sendo contaminadas”, disse.
“Só a ferramentaria ficou parada uma semana por surto. Com a ação de testagem, mesmo sabendo que as pessoas continuam a ir para a casa e voltar para a fábrica, pelo menos detectamos quem está contaminado no momento, fazemos o mapeamento dos focos e o isolamento social de quem der positivo”, explicou.
“Parecia que estavam arrancando os ossos”
O coordenador da Comissão de Fábrica, Wagner Lima, testou positivo para a Covid-19 e ficou internado sete dias em julho, sendo quatro dias na UTI, e contou sobre os sintomas.
“Tinha feito um teste da Covid quatro dias antes e não tinha dado nada. Comecei a sentir dor no corpo, muita dificuldade de respirar e fui ao hospital. O pulmão estava mais de 50% comprometido, muita dor nos ossos e febre, parecia que estavam arrancando os ossos de tão complicado que foi. Tomamos todos os cuidados, mas tem muita gente sem sintomas que não sabe que está contaminada. Já faz um mês e ainda sinto muita dor no corpo porque atacou a circulação. Não é brincadeira, não é gripezinha. Temos que nos cuidar e cuidar do próximo.”