Demanda fraca preocupa montadoras
O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, diz que o plano do governo para o setor automobilístico não deve focar apenas a atração de investimentos, mas o incentivo ao consumo, com medidas de facilidade de crédito. “Não adianta incentivar investimentos e aumento de capacidade produtiva se não houver demanda para consumir”.
Segundo ele, as montadoras têm planos de aumentar a capacidade produtiva em 2 milhões de veículos nos próximos três anos, elevando a capacidade atual para mais de 5 milhões de unidades. “Ao mesmo tempo em que o governo trabalha para atrair investimentos, precisa trabalhar para que haja demanda para esses produtos, do contrário a indústria terá grande ociosidade e isso será um problema.”
Para Schmall, o que levou o mercado brasileiro a bater recordes de venda nos últimos anos foi a facilidade no financiamento. Este ano, em razão da baixa demanda no primeiro trimestre, o mercado pode não atingir o crescimento de 5% projetado para 2012 e ficar do mesmo tamanho de 2011, com vendas de 3,6 milhões de veículos.
“Se as medidas do governo levarem em conta também o incentivo ao consumo, o mercado pode se recuperar no segundo semestre e poderemos crescer 2% a 3%”, prevê o executivo.
Na semana passada, a Volkswagen anunciou projeto de construção de uma nova fábrica em Taubaté, ao lado da atual. A capacidade produtiva será ampliada de 1.050 carros por dia para cerca de 2 mil. A fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, também será modernizada, mas manterá sua capacidade atual de 1,6 mil automóveis diários.
O anúncio, esperado desde o ano passado, ocorre num momento em que o mercado está em queda. “Lutamos tanto pelo investimento, mas no momento em que a matriz o liberou, o mercado mostra que não precisamos investir com a velocidade inicialmente planejada”, afirma Schmall.
“Somos como um cavalo no início da corrida. Se abrirem a porta, vamos correr, mas alguém precisa abrir a porta.”
Schmall defende ainda que as medidas para o novo regime automotivo sejam “claras”. Em sua opinião, se as regras forem complexas, com amplo rol de indicadores para se obter incentivos fiscais, “vai gerar uma confusão” que pode dificultar em vez de incentivar investimentos.
Ele espera que o governo, que tem demonstrado preocupação com a balança comercial, não se limite a adotar medidas para inibir importações, mas também para expandir as exportações.
A Volkswagen chegou a discutir com vários Estados a construção de uma quarta fábrica de automóveis no País, mas, após negociar acordo de flexibilidade com os trabalhadores das duas fábricas de São Paulo avaliou que seria mais vantajoso ampliar essas unidades, mesmo com a oferta de incentivos fiscais de vários governos.
Com informações da Agência Estado