Denunciada Má-fé ao consulado japonês

Durante manifestação, trabalhadores demitidos em São Bernardo denunciaram comportamento desumano da empresa e entregaram carta ao Cônsul Kazuaki Obe.


Makita – Trabalhadores protestam no consulado japonês

Manifestação ontem pela manhã diante do consulado japonês, na Avenida Paulista, em São Paulo, marcou mais uma etapa na luta dos trabalhadores da Makita. Há um mês a multinacional japonesa demitiu todo o pessoal da fábrica em São Bernardo e anunciou seu fechamento.

“Nosso movimento está crescendo. Esta é nossa primeira manifestação de rua para denunciar à sociedade a atitude desumana da Makita com os companheiros”, disse Moisés Selerges, coordenador de base de São Bernardo.

A tendência é promover outros atos nos próximos dias. “Esperamos que a empresa tenha responsabilidade e retome a proposta de indenização adicional aos trabalhadores”, afirmou.

Intermediação
Enquanto ocorria a manifestação, Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, entregava ao consul japonês, Kazuaki Obe, uma carta na qual pede sua intermediação no caso.

O documento faz uma descrição de toda a manobra da empresa, que até o ultimo momento negava o fechamento e fez o oposto. Descreve também a má-fé da Makita, que apresentou uma proposta de pacote e dois dias depois voltou atrás na palavra.

“O consul concordou que o comportamento da Makita não foi adequado e nos garantiu que falaria com a direção da empresa”, relatou Sérgio Nobre.


Sérgio Nobre fala aos manifestantes depois de se reunir com o cônsul

Luta já dura um mês

No dia 4 de setembro, a direção da Makita demitiu todos os 285 trabalhadores e anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo. Até um dia antes ela negava qua faria isto. A empresa está prestes a inaugurar uma unidade em Ponta Grossa, no Paraná.

Em protesto, o pessoal armou um acampamento na porta da fábrica e assim permaneceu até 19 de setembro, quando a Makita apresentou um pacote de indenização. Dois dias depois ela voltou atrás e o acampamento foi retomado.

“A raiva provocada pela dupla traição da empresa motiva os trabalhadores a lutar”, afirma Maria de Jesus Ribeiro Marques, trabalhadora na Makita. Segundo ela, a indefinição sobre o futuro está na cabeça dos trabalhadores. “A maior parte de nós tem mais de 40 anos, o que dificulta conseguir um novo emprego e nos deixa longe da aposentadoria”, concluiu.

Para Nelson Rodrigues Rocha, da Comissão de Fábrica na Volks, que acompanhou a manifestação, o que a Makita fez foi uma traição. “Diz que fica e fecha a fábrica. Diz que indeniza e depois volta atrás. A gente acreditava que a palavra e a honra fossem os maiores valores dos japoneses, mas não é isso que a Makita demonstra”, declarou.