Denúncias de violência contra a mulher crescem 40% no Brasil, diz estudo

O ano de 2014 registrou um aumento de mais de 40% nas denúncias de violência contra as mulheres no Brasil. Os dados foram divulgados oficialmente na terça-feira (3) pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, durante evento de inauguração da Casa da Mulher Brasileira em Campos Grande (MS).

A escolha pela capital de Mato Grosso do Sul não foi por acaso. A cidade lidera o número de atendimentos do Ligue 180, serviço telefônico de denúncias de agressões contra mulheres. De acordo com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Campo Grande, foram instaurados 3.245 inquéritos em 2014. A maioria (70 a 75%) das 5.966 ocorrências registradas equivale a medidas protetivas de urgência.

Exclusivamente pelo Ligue 180, no total, 485 mil atendimentos foram realizados no ano passado, dos quais 52.962 envolveram denúncias de agressão, apontadas como física, psicológica, moral e sexual. Um número muito menor foi registrado de fato em 2014: foram 1.606 ocorrências, contra 1.151 denúncias no ano anterior. O Mato Grosso do Sul liderou o número de registros, tendo sido registradas ligações de 65 dos 78 municípios sul mato-grossenses no sistema de denúncias.

O estupro liderou entre as violências denunciadas, com 1.164 casos, enquanto cárcere privado apareceu com 931 denúncias. Outras 262 ocorrências de exploração e de assédio foram registradas pelo Ligue 180. No MS, o problema é tão grave que uma mulher é estuprada a cada sete horas no Estado.

O aumento das denúncias desse tipo de crime não chega a surpreender. Segundo dados do 8º Anuário de Segurança Pública, divulgados no ano passado, 50.320 casos foram registrados, embora a estimativa real aponte para um total de 143 mil, já que boa parte das vítimas, por vergonha ou medo, não denuncia o crime.

“A luta contra a violência precisa de uma ação conjunta”, disse a presidente Dilma Rousseff, durante a inauguração da Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. Todas as capitais deverão ganhar uma unidade do centro, que pretende ser uma rede de atendimento a mulheres em situação de violência, com 19 serviços especializados – contando com policiais, juízes, médicos e psicólogos.

O programa Casa da Mulher Brasileira custará um total de R$ 115,7 milhões. A gestão fica sob responsabilidade das prefeituras.

Do Brasil Post