Deputados nos EUA eliminam verbas para países latino-americanos por razões ideológicas

O Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou na noite de quarta-feira (21/07) uma emenda na lei orçamentária do país que elimina parte da ajuda financeira aos governos da Argentina, Venezuela, Nicarágua, Equador e Bolívia, previstas pelo presidente, Barack Obama, em fevereiro.

A medida, proposta pelo republicano Connie Mack, obteve 23 votos a favor e 16 contra durante o debate sobre o projeto de lei que autoriza a ajuda externa dos EUA para o ano fiscal 2012. Segundo Mack, os cinco países citados “interferem” ou “oferecem resistência” aos processos democráticos e, portanto, terão de ser punidos. “Eles não apoiam os ideais da liberdade, da segurança e da prosperidade na região”, disse o congressista.

Uma assessora do comitê, citada pela agência de notícias Efe, explicou que a emenda não corta “todos os fundos” e permite a continuidade da assistência considerada “não governamental”. Com isso, o apoio a ONGs que atuem nestes cinco países poderá ser fornecida pelos EUA.

O texto, porém, ainda terá que passar pela aprovação da Câmara de Representantes e posteriormente no Senado, de maioria democrata, que pode rejeitá-la. Em caso de aprovação os 96 milhões de dólares previstos por Obama ficarão retidos.

OEA
Anteriormente, o Comitê aprovou outra emenda que bloqueia o fundo de 48,5 milhões de dólares destinado à OEA (Organização dos Estados Americanos). Por meio do Twitter, Mack se mostrou satisfeito com a aprovação: “Vamos acabar com o gasto de dinheiro dos contribuintes estadunidenses em uma organização anti-estadunidense”, disse em um post.

O corte de gastos de mais de 4 bilhões de dólares do fundo que o governo norte-americano destina todos os anos para a OEA já estava previsto, fazendo com que neste ano a organização recebesse 44,2 milhões de dólares em vez de de 48,5 milhões. Entretanto, o bloqueio não estava incluso na proposta inicial.

Segundo Mack, a eliminação de gastos incluiu a OEA pelo fato da organização “ter falhado” na América Latina e apoiar governos de países, como a Venezuela, com quem os EUA mantêm “relações tensas”.

“Cada vez que nos voltamos à organização, em vez de apoiar a democracia a OEA apoia e mima os Hugo Chávez da região”, disse o congressista.

Nesta quinta-feira (21/07), o Comitê continuará as discussões em torno do projeto e estudará o corte de verbas também para países como Paquistão, Egito, Líbano, Iêmen e Autoridade Nacional Palestina, além da redução de 25% das contribuições dos EUA à ONU.

Do Opera Mundi