Derrota sem resistência
O golpe teve início no dia 31 de março quando um general obscuro e desastrado, Olímpio Mourão Filho, movimentou por iniciativa própria suas tropas do quartel em Juiz de Fora na direção do Rio de Janeiro. Quando ele soube que o presidente mandara tropas para combatê-lo, Mourão parou na divisa entre Minas Gerais e o Rio.
Os grupos progressistas tinham certeza que o esquema de sustentação que Jango anunciara inúmeras vezes entraria em ação e esmagaria os golpistas. Foi um engano.
Os sindicalistas do CGT não conseguiram organizar qualquer oposição efetiva dos trabalhadores, no campo não houve reação significativa, a maior parte da Igreja Católica aderiu aos conservadores, o mesmo ocorrendo com as classes médias.
As tropas enviadas por Jango para combater Mourão acabaram aderindo aos golpistas e essa foi a senha para que militares de todo o Brasil começassem a ganhar as ruas e ocupar prédios do governo.
O presidente aceitou passivamente a derrota. Dispersas e desorganizadas, as forças progressistas não souberam como reagir.
No dia 2 de abril João Goulart asilou-se no Uruguai, onde morreu 12 anos depois. Em 15 de abril, o general Castello Branco era empossado na Presidência da República e começavam os anos de chumbo que só terminaram em 1985, com a eleição de Tancredo Neves.
O golpe foi a maior tragédia da história brasileira. Ele interrompeu de forma brutal, safada e criminosa o processo de transformação do País em nação industrializada, desenvolvida e democrática. Até hoje pagamos o preço por aqueles 21 anos de ditadura.