Descaso: Itaú e Unibanco se negam a suspender demissões

Em mesa de negociação, diretores dos bancos voltam atrás na palavra dos presidentes. sindicato vai aumentar a pressão em defesa dos trabalhadores

A postura dos representantes do Itaú e do Unibanco foi de desrespeito aos trabalhadores na negociação com o Sindicato na tarde desta terça-feira, dia 9, ao se negarem a formalizar a suspensão das demissões durante o processo de fusão das duas instituições financeiras.

“Em coletiva à imprensa os presidentes dos bancos informaram que não haveria demissões. Os representantes dos bancos já enviaram várias mensagens aos trabalhadores de que a fusão será tranqüila. Ora, isso só ocorre de fato quando os bancários têm a segurança de que estarão empregados. E essa certeza só vem com um acordo formalizado com o Sindicato, com regras claras”, destaca o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, que participou da negociação.

A garantia de emprego é a principal reivindicação dos trabalhadores juntos às instituições financeiras. “Vamos insistir para que as empresas mudem de postura. Se a fusão está sendo positiva para Itaú e para o Unibanco também tem de ser aos trabalhadores”, afirma Marcolino.

Entre as reivindicações do Sindicato atendidas, os pontos positivos da negociação estão na suspensão de novas contratações, de novos contratos de estágio e do programa menor aprendiz – podendo acontecer a efetivação de alguns estagiários.

Os bancos também se comprometeram em criar um centro de realocação para reaproveitar os trabalhadores dentro das instituições financeiras e de reduzir as horas extras gradativamente.

Os bancos informaram que dos 18 grupos para diagnosticar a situação das diversas áreas das empresas, está acertado que não deverá haver transferência de serviços nem de funcionários enquanto essa avaliação não estiver concluída. “Se os bancários notarem qualquer procedimento diferente devem denunciar imediatamente ao Sindicato. Caso os bancos sigam para a demissão, os bancários irão intensificar as mobilizações”, acrescenta Marcolino.

Pendências – Na negociação, o Sindicato também apresentou a reivindicação que haja um aumento em 20% no número de funcionários das agências dos dois bancos. Uma medida que serviria para absorver trabalhadores de setores da administração, diminuiria o sufoco nas agências e, ao mesmo tempo, melhoraria o atendimento à população. Sobre a ampliação do número de bancários nas agências, criação de um programa de incentivo à aposentadoria, e suspensão dos novos contratos de terceirização os bancos disseram que vão analisar e dar um retorno na próxima reunião com data a ser definida.

NA IMPRENSA

A reunião de representantes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região com diretores do Itaú e Unibanco terminou sem avanços, segundo informações do sindicato. De acordo com a entidade, a principal demanda da categoria, de suspender temporariamente as demissões nos dois bancos, não foi atendida. O presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, ameaçou convocar uma greve caso os bancos comecem a demitir. No último dia 3, Itaú e Unibanco anunciaram a fusão das suas operações, com a formação do maior banco do País.

“Se detectarmos alguma área do banco que tenha um volume de demissões que não sejam a partir de pedidos, que não sejam a partir de aposentadorias, que não sejam a partir de um processo de realocação para outros bancos, deve começar um processo de paralisação em agências e departamentos, com eventual greve se o banco não der uma garantia formal em relação ao emprego”, disse Marcolino.

Segundo o presidente do sindicato, na última reunião de negociação, realizada em 10 de novembro, as diretorias dos bancos haviam apontado a possibilidade de não haver demissão. “Hoje eles falaram que não têm como garantir o emprego dos trabalhadores e ainda quiseram usar a crise econômica como argumento”, afirmou. “Se o banco mantiver essa linha de que não haverá garantia de emprego, os bancários podem começar a fazer um processo de paralisação já nos próximos dias”, disse.

De acordo com o sindicato, as direções das instituições financeiras afirmaram que não podiam se comprometer com a exigência por estarem em uma “fase de diagnósticos” da integração das operações. Na reunião, que durou cerca de duas horas e meia, os bancários tentaram um compromisso de suspender as demissões ao menos durante este momento de diagnósticos, mas não obtiveram sucesso.

 Entre as 14 propostas apresentadas às direções dos bancos, duas foram atendidas na reunião de hoje: a suspensão temporária de contratações e a criação de um centro de realocação interna. Segundo o sindicato, os bancos comprometeram-se avaliar ainda outras duas demandas da categoria: a suspensão de contratações de estagiários e de novos projetos de terceirização.

 As diretorias das duas instituições devem agendar em breve uma nova reunião para continuar as negociações com os bancários. Segundo Marcolino, a próxima rodada de negociação deve ser realizada no início de 2009, quando serão discutidas nesta próxima ocasião demandas como aposentadoria, a ampliação de pelo menos 20% dos postos de trabalho para absorver funcionários da área administrativa e a redução da jornada.

Dos Bancários e Agência Estado