Desemprego, herança do passado

Dados publicados na imprensa no último final de semana reafirmam análise do movimento sindical sobre a pesada herança deixada pela política de estabilização econômica do governo FHC, assim como apontam o enorme desafio que temos pela frente no combate ao desemprego e à desigualdade social.

Passados dez anos desde a implementação do Plano Real, indicadores econômicos e sociais mostram que as conquistas decorrentes da nova moeda se dissiparam. O desemprego aumentou, a renda dos trabalhadores caiu e a desigualdade social continuou alta.

Um dos indicadores de desigualdade social usado em pesquisas internacionais para o estudo comparativo entre países é o índice Gini. Sua escala varia de zero a um (quanto mais perto do um, maior a desigualdade social).

Em 1993, as pesquisas apontavam um índice de 0,60. Este resultado colocava o Brasil entre os campeões da desigualdade social. Em 2002, este índice estava em 0,56.

Em 1994, o rendimento médio mensal do trabalhador era de R$ 547,00. Em 1997 havia chegado a R$ 725,00. Caiu progressivamente, nos anos seguintes até chegar, em 2002, a R$ 636,00, de acordo com o IBGE, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-lios (Pnad) daquele ano.

Neste período, a participação do trabalho na distribuição funcional de renda nacional caiu de 37,7% para 31,4%.

O Real deixou um legado de 2,6 milhões de desempregados entre 1995 e 2002. De acordo com as estimativas em pesquisas recentes, se a economia mantiver um índice anual de crescimento de 3,5%, serão necessários alguns anos para que o desemprego na Grande São Paulo volte aos patamares de 1994, ou seja, a 14,2%.

Departamento de Formação