Desemprego na América Latina cai em 2011 à menor taxa histórica
Mais fortes do que no passado para enfrentar os efeitos de crises econômicas globais, América Latina e Caribe terminaram 2011 com desemprego em queda e no menor nível histórico. A perspectiva de que a economia mundial em 2012 acentue o baixo crescimento aponta, porém, para uma freada na redução do desemprego na região.
O panorama do mercado de trabalho latino-americano e caribenho foi traçado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em relatório divulgado nesta quinta-feira (12). De acordo com o documento, a taxa de desemprego na região caiu de 7,3% para 6,8% de 2010 para 2011, alcançando o patamar mais baixo nesta pesquisa, feita com dados oficiais fornecidores pelos países.
“Este é um avanço muito positivo”, diz o relatório, mencionando que no início do século a região conviveu com taxas superiores a 10%. “O que vemos agora é um reflexo de um ciclo positivo de crescimento econômico que dura mais de cinco anos e não se viu interrompido pelas crises.”
Pelo relatório, 700 mil pessoas conseguiram emprego e entraram para o mercado de trabalho na região em 2011. O país com menor desemprego é o Panamá, com taxa de 4,5% (era de 6,5% em 2010), seguido pela República Dominicana, onde, no entanto, a taxa subiu de 5% para 5,6%. Na ponta oposta e únicos com desemprego de dois dígitos, estão situação Jamaica (caiu de 12,6% para 12,5%) e Colômbia (de 12,1% para 11,3%).
A Colômbia é o único país da América do Sul e um dos poucos na região com um governo conservador e que, com a crise global, foi ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na avaliação da OIT, a evolução observada em 2011 não deve se repetir 2012, ao menos com base no que é possível dizer hoje diante do que se imagina para o ano. A crise da dívida de países da Europa e o baixo crescimento no continente devem impactar toda a economia global, ainda que em intensidades diferentes, e segurar em 6,8% a taxa de desemprego latino americano, na previsão da OIT.
No relatório, a entidade manifesta preocupação com o fato de a crise da dívida na Europa estar sendo enfrentada com soluções que precarizam o mercado de trabalho – corte de direitos e redução da proteção social. O problema seria a “má influência” daquelas decisões em corações e mentes latino-americanas.
“Junto ao rigores da crise, está o risco de contágio de essa visão de políticas fiscais recessivas e de flexibilização trabalhista regressiva que já se aplicarão na América Latina durante outras crises e que implicaram um aprofundamento do déficit de trabalho decente na região”, diz o documento.
Qualidade
Pelo relatório da OIT, não foi apenas em termos quantitativos que o mercado de trabalho avançou na América Latina e Caribe em 2011, mas também do ponto de vista qualitativo. Há mais trabalho decente e acesso à seguridade social e salários mínimos (“aumento vigoroso de 4,5%”, segundo a OIT) e médios.
Apesar dos avanços apontados, a conversão de percentual para número de pessoas mostra que ainda existem 15,4 milhões de desempregados na América Latina e Caribe, onde há cerca de 225 milhões de pessoas ocupadas. Contam-se ainda 93 milhões de trabalhadores na informalidade, cujas condições de trabalho são piores.
Entre os jovens, há o dobro de desemprego comparado à taxa geral e o triplo, frente à taxa dos adultos. A participação das pessoas de 15 a 24 anos no mercado de trabalho acumula uma queda de dois pontos percentuais desde o início do século.
E o que poderia parecer um dado negativo, a OIT avalia de forma oposta. Significa, diz a entidade, que os jovens estão ficando mais tempo na escola, estudante, antes de procurar emprego.
Da Carta Maior