Desenvolvimento só se conquista com a participação da sociedade

Os governos sozinhos não conseguirão dar conta das demandas sociais. É necessária a participação da sociedade nas mais variadas parcerias, cobrando, propondo e participando de políticas públicas.

Esse foi o censo comum do painel Parcerias para o Desenvolvimento, que na noite de segunda-feira abriu o ciclo de debates O ABC Pensa o Futuro: Estratégias para o Desenvolvimento Regional e Nacional realizado pelo Sindicato para debater as 8 Metas do Milênio.

Já no painel Energia do Desenvolvimento, realizado ontem pela manhã, a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse que o Brasil tem energia para garantir o desenvolvimento pelo menos para essa década.

Temos que cobrar, propor e participar
Um resumo da exposição de cada participante do painel Parceria Mundial para o Desenvolvimento

Por relações comerciais justas e com contrapartidas sociais
José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato.
Dentro do tema desta mesa, parcerias para o desenvolvimento mundial, eu pergunto: é possível discutirmos relações comerciais justas, se existem mercadorias feitas com mão-de-obra infantil ou escrava?

É possível numa época que a tecnologia está tão avançada e que existe acúmulo de riquezas que poderiam proporcionar uma boa divisão de renda, as empresas fazerem chantagem social como na Europa, querendo reduzir salários e aumentar as jornadas?

Se for num comércio global justo é evidente que não! Por isso, uma perceria mundial para o desenvolvimento deve levar em conta essas questões.

Um comércio justo e um mundo melhor só vamos construir se tivermos consciência da cidadania, se fizermos nossa parte exigindo que os estados assumam o combate à miséria.

Quando o presidente Lula lançou o programa Fome Zero, ime-diatamente os metalúrgicos deram uma demonstração que é possível participar, mesmo que modestamente.

Doamos 530 cisternas. Só que o Brasil tem 14 mil sindicatos. Se cada um doasse uma cisterna, seriam 14 mil.

Não tem progresso econômico se não vier ligado ao progresso social. Não adianta qualquer programa de desenvolvimento se não vier acompanhado de contrapartidas sociais, de emprego e qualidade de vida.

Então, uma parceria para o desenvolvimento tem de levar, no mínimo, estes elementos em consideração. E nós estamos na linha de frente dessa batalha por um mundo melhor.

Existem recursos para os problemas
Oded Grajew – Instituto Ethos (que reúne empresas com responsabilidade social).
Entramos em desespero quando pensamos em resolver todos os nossos problemas. Os recursos existem.

A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que 50 bilhões de dólares seriam suficientes para acabar com a fome e a miséria no mundo, o primeiro ponto das metas do milênio. Não importa qual é o custo.

O fato é que as despesas militares em todo o mundo custam 900 bilhões de dólares todo ano. Só a guerra no Iraque custou 80 bilhões de dólares. O que estamos fazendo aqui hoje e em toda a Semana Nacional Pela Cidadania e Solidariedade é que nossas prioridades são outras e que os recursos que temos devem ser gastos para erradicar a pobreza.

Nós temos uma arma fantástica nas mãos que é o nosso poder de consumidores. Na hora que decidirmos comprar produtos socialmente responsáveis, que não usam mão-de-obra infantil ou trabalho escravo, de empresas que respeitam os direitos dos trabalhadores, muita coisa começará a mudar.

Acho que essa deve ser a pauta dos trabalhadores.

Uma outra visão para a ONU, do desenvolvimento humano
Carlos Lopes – representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O conceito de cooperação nasceu com a fundação da ONU logo após o final da segunda guerra, quando os Estados Unidos passaram a ajudar a reconstrução da Europa (plano Marshal).

Só que foi criado o conceito de cooperação técnic