Desigualdade entre negros e brancos no trabalho é menor

Nível de desemprego para trabalhadores negros diminuiu na Região, conforme Seade/Dieese

Resultado do crescimento econômico da última década e de políticas de inclusão, os negros conquistaram mais espaço no mercado de trabalho no ABCD. Entre o biênios 2009/2010 e 2011/2012, o desemprego caiu para negros de 15,1% para 11,9% e, em menor intensidade, para não negros, de 10,8% para 9,2%. A diferença de renda, no entanto, permanece inalterada. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade/Dieese para o Mês da Consciência Negra, divulgada nesta quarta-feira (13/11) pelo Consórcio de Prefeitos do ABCD.

Essa diferença entre as taxas de desemprego de negros e não negros é a menor já vista pela pesquisa. Para o economista Alexandre Loloian, da Fundação Seade, o movimento foi positivo para os negros, mas o mercado continua desfavorável. “Há necessidade de ações que tornem as oportunidades mais semelhantes. À medida que crescem a idade e o nível de escolaridade, as desigualdades se tornam mais evidentes”, destacou.

Para Leon Santos Padial, coordenador de Igualdade Racial do Consórcio, a faixa etária e a escolaridade são fatores que ressaltam a herança antiga de exclusão do povo negro. “A situação atual está melhor por conta das políticas públicas, mas ainda temos muito o que avançar”, disse.

Basta ver que o  nível de ocupação dos negros aumentou em segmentos como a construção civil e alguns ramos de serviços. “São setores que não exigem mão de obra qualificada, têm os piores salários e condições de trabalho”, afirmou Loloian.

Oportunidade

Adriana da Silva Ferreira é uma das que aproveitaram essa redução na desigualdade. Depois de atuar por anos no segmento de limpeza, sua vida mudou ao ser contratada no setor de motores da Mercedes-Benz em 2007. “Ainda sinto algumas dificuldades, mas hoje já consigo criar minha filha sozinha, tenho meu carro e um apartamento”, contou sobre o resultado da conquista de um trabalho de melhor qualidade.

Ela acha que uma série de mudanças no País favoreceu a condição do negro nos últimos anos. “Além da minha vida ter mudado muito, vi muita gente tendo melhores oportunidades.”

Diferença na renda permanece inalterada

Se as oportunidades de emprego surgiram para os negros, o mesmo não ocorreu com a renda.

A média da renda por hora dos negros no biênio 2011/2012, de R$ 7,06, representava praticamente a metade do que recebiam os não negros, R$ 12,06 por hora.

Identidade

Para o coordenador da Comissão de Igualdade Racial dos Metalúrgicos do ABC, Daniel Calazans, a diferença decorre da condição de marginalização ainda muito grande. “Políticas afirmativas, como a lei de cotas nas universidades, facilitaram a ascensão do negro no mercado e contribuíram para o resultado positivo de queda no desemprego. Mas é necessário resgatar a identidade desse gênero para que se conquiste um maior espaço na sociedade.”

Do ABCD Maior