Desmatamento, trabalho escravo e corrupção são base para siderúrgicas no Pará
Siderúrgicas no pólo de Carajás, no estado do Pará, utilizam carvão de desmatamento ilegal e do trabalho escravo para a produção de ferro-gusa e de aço, de acordo com a pesquisa “O aço da devastação”, feita pelo Instituto Observatório Social. O estudo também demonstra que a corrupção em órgãos públicos sustenta esse esquema, através de fraudes e ausência de fiscalização.
Segundo o jornalista e coordenador da pesquisa, Marques Casara, o processo de lavagem do carvão ilegal – que dissimula sua origem ilícita –, chega a corresponder a mais da metade da produção de algumas siderúrgicas. Esse processo ocorre há anos com a conivência do poder público.
“O processo de lavagem do carvão ilegal usa documentos forjados, documentos falsos, que muitas vezes são obtidos através de esquemas de corrupção que envolvem servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará”.
Neste esquema estão envolvidas empresas como a Sidepar, a Cosipar, a Margusa e a Gusa Nordeste. A mineradora Vale é a principal fornecedora de minério de ferro para as siderúrgicas da região. Cerca de 90% do ferro-gusa produzido em Carajás vai para a produção de aço nos Estados Unidos, como para a Gerdau. Esse aço abastece diversas indústrias do setor automobilístico – entre elas Toyota e General Motors –, de fabricantes de eletrodomésticos, computadores, entre outros.
Para Casara, a cadeia produtiva do aço ilegal, sustentada a partir do desmatamento irregular, tem profunda relação com os conflitos agrários na região Norte do Brasil, como o assassinato do casal de extrativistas em Nova Ipixuna (PA).
“Essas pessoas estão sendo mortas para que se mantenha essa estrutura predatória na região”.
O lançamento da pesquisa acontece nesta quarta-feira (22), no Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Da Radioagência NP