Desvendando os segredos da fábrica

A primeira sensação que o trabalhador tem depois de ser admitido na empresa é de ter realizado um antigo sonho, o de ter conseguido um emprego que vai assegurar o bem estar da família e o seu futuro.

O que ele não percebe, de imediato, é que sua contratação é também um ótimo negócio para a empresa. Aliás, sem os trabalhadores ela não poderia existir.

São eles que põem a fábrica em movimento. São eles que acionam as máquinas. São eles que realizam o trabalho. São eles que produzem.

O lance da empresa está em inverter essa relação, mostrando que, ao contrário, a fábrica não depende tanto assim do trabalhador. Quando ela oferece uma vaga, parece que está fazendo um grande favor.

Entre tantos candidatos, o trabalhador recém-contratado deve se considerar um privilegiado pela sorte (e não pelo mérito).

É assim que os funcionários do RH o fazem sentir-se. Querem que o sujeito continue motivado, querendo mostrar o melhor de si para segurar o emprego e, quem sabe, fazer carreira.

O “segredo” do lucro também é ocultado. Tudo é feito para que ele não apareça como resultado da exploração do trabalho (o trabalhador que recebe como salário apenas uma ínfima parte do valor que produz), mas como fruto da eficiência e da racionalidade da própria empresa.

A fábrica surge, assim, como um espaço movido por uma vontade impessoal, um mundo ordenado, disciplinado e, num certo sentido, misterioso.

Tudo funciona a partir de um comando geral, nem sempre visível. Tudo está interligado e em movimento. Submeter-se a essa disciplina, integrar-se nessa lógica é uma questão de juízo.

A vivência do dia-a-dia, no entanto, leva o trabalhador a descobrir as contradições existentes nessa imagem da fábrica.

Essa visão crítica o leva a assumir uma outra atitude, um outro comportamento. Esse será o tema de nossa próxima coluna.

Departamento de Formação