Dez anos de Forum Social Mundial

Evento emplacou ideias que se transformaram em políticas públicas e fórmulas para países saírem da crise econômica mundial, como o controle do sistema financeiro e o fortalecimento da economia no mercado interno.


Fórum volta a reunir centenas de entidades do mundo todo

Encontro é símbolo da luta contra o neoliberalismo
Ao completar uma década, o Fórum Social Mundial (FSM) voltou a Porto Alegre, onde foi realizada sua primeira edição. De ontem a sexta-feira, a capital gaúcha e cinco cidades de sua região metropolitana vão receber as mais de 600 atividades programadas para o evento, que inclui ainda 27 atividades pelo mundo.

Criado em contraposição ao avanço do neoliberalismo representado pelo Fórum Econômico de Davos, na Suíça, vários frequentadores do fórum estão hoje nos governos, principalmente na América Latina. E continuam acreditando nos ideais do FSM de que Um outro mundo é possível.

Tanto assim que, hoje, o presidente Lula deve ser o anfitrião da comemoração dos 10 anos do Fórum no ginásio Gigantinho, com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, do Paraguai, Fernando Lugo e o recém-eleito José Mujica, do Uruguai. Aliados históricos das ideias do Fórum Social, “O fórum conseguiu emplacar ideias que se transformaram em políticas públicas e apresentou fórmulas para que países saíssem da crise financeira internacional, como o controle do sistemas financeiro e o fortalecimento da economia no mercado interno”, afirma Oded Grajew, um dos idealizadores do evento.

Davos mudou
“Quando o FSM foi criado como um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, o convidado de honra em Davos era o ex-presidente argentino Carlos Menem, um dos símbolos da política neoliberal na América Latina”, lembra Chico Whitaker, outro dos idealizadores do FSM.

“Um ano depois, a economia da Argentina quebrou”, prossegue. “O prêmio de Estadista Global que o presidente Lula, um frequentador do FSM, receberá quinta-feira, na Suíça, mostra quem estava certo”, conclui Whitaker.

FSM refletirá sobre seus 10 anos
Realizado em Porto Alegre em 2001, 2002, 2003 e 2005, o FSM passou pela Índia, em 2004, pela Venezuela, em 2006, pelo Quênia, em 2007, teve uma versão em vários locais em 2008 e voltou ao Brasil em 2009, em Belém.

Neste ano, o Fórum pretende olhar para dentro do processo que o criou, com reflexões sobre seus 10 anos e avaliar os rumos de suas propostas em um seminário internacional com temas que vão da sustentabilidade ambiental ao novo ordenamento político mundial e a conjuntura econômica pós-crise.