Dia de sol anima o CUT Cidadã Consciência Negra em São Paulo

Foi realizado neste domingo, 20, no campo de futebol Dom José, em Embu, o CUT Cidadã Consciência Negra, promovido pela CUT-SP e a Prefeitura local. Iniciado às 9h, o evento que ofereceu mais de duas dezenas de serviços gratuitamente recebeu a visita de centenas de pessoas, principalmente famílias e muitos jovens. O dia de sol colaborou para reunir moradores da localidade e bairros próximos, que foram conferir o atendimento nas áreas de saúde, orientação jurídica, emissão de documentos, saúde e lazer. Entre eles estava Francilda Pereira da Silva, que pela manhã aproveitou para tirar a identidade da filha de seis anos e dar entrada no pedido da carteira de trabalho para o filho de 17. “Meu filho já trabalha como ajudante e acho importante ter a profissional”, destacou a cuidadora de crianças especiais, de 31 anos, que reside no bairro Dom José desde 1994. 

Como ela, os irmãos Klisman Willian Santos, 16 anos, e Christian Marcos Santos, 15, pretendiam deixar a tenda já com o documento em mãos. Klisman e Christian vivem no Dom José desde que nasceram, e se preparam para enfrentar um primeiro emprego devidamente registrado na profissional. “Eu já trabalho como marceneiro, mas sem registro. Agora estou vendo uma vaga no Burger King e quero estar preparado”, contou o mais velho. Ambos estudam na 7ª série do primeiro grau, e fazem parte de uma família de sete irmãos. “Esse é um documento importante para poder trabalhar”, pontua Christian, embora ainda não tenha perspectiva de qualquer vaga. Durante a manhã de domingo muitos adolescentes e crianças engrossaram as filas da tenda de fotos e retirada de documentos, principalmente o RG e a profissional.  Ao mesmo tempo, curtiram o som de várias bandas, entre elas a Alana, que impressionou os presentes pela boa qualidade da música e percussão. 

Quem preferiu usufruir dos serviços de saúde e beleza também não se arrependeu. Caso da auxiliar de enfermagem Laura Vicente, 47 anos, moradora na região há 15 anos. “Estava vindo da missa, ouvi o barulho e vim ver o que estava acontecendo. É a melhor coisa que a Prefeitura podia ter feito”, afirmou Laura, que passou por sessão de podologia. A filha, que estava na tenda da limpeza de pele, já guardava lugar para a mãe, que também pretendia cuidar do rosto. “A gente precisa fazer e nunca tem tempo nem oportunidade, por isso estou gostando muito desse evento, que além de tudo é contra o preconceito”, apontou, referindo-se à comemoração do 20 de Novembro. A mesma preocupação animava Gisele de França, de 15 anos, que fazia um penteado afro. “Lutar contra o preconceito é ter respeito. Hoje a situação está melhorando, mas o preconceito já foi muito pior no Brasil”, classificou a adolescente, que reside no bairro Zumbi dos Palmares e foi ao Dom José especialmente para participar da atividade promovida pela CUT-SP e a Prefeitura. 

Entre as famílias inteiras que aproveitavam o dia de domingo no evento estava a de Ana Paula Coelho Figueiredo. Sua filha Giovanna, de 7; o cunhadinho Robson, de 10, e o filhinho Bryan, de apenas um ano, já tinham cortado os cabelos e se preparavam para tirar o documento de identidade. A própria Ana, uma confeiteira de 25 anos, estava animada para fazer uma trança nos cabelos. “Os serviços são bons, o atendimento muito rápido. Achei essa uma ótima iniciativa”, elogiou. Moradora em rua próxima, a família Figueiredo pretendia acompanhar as atividades até o final do dia, já que muitos shows ainda estavam previstos – o de encerramento foi do cantor Chico César, no início da noite. Para o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, a participação demonstrou a grande identificação do público e a importância de priorizar a cidadania, direito de cada brasileiro e que integra os princípios dos sindicatos-cidadãos que fazem parte da central.

Da CUT-SP (Maria Angélica Ferrazolli)